As últimas mudanças do Instagram não têm agradado nem a gregos nem a troianos. Prova disso é a petição Make Instagram Instagram Again (Torne o Instagram Instagram novamente), incitada pela fotógrafa e influenciadora Tatiana “Tati” Bruening, que pede o regresso da antiga versão da aplicação.

“Acho que está na hora de darmos ao Instagram algumas críticas construtivas e algum feedback como utilizadores”, afirma Tati. “O objectivo desta petição é chamar a atenção para o que os consumidores querem do Instagram e iniciar uma conversa sobre a saúde da nossa querida aplicação.”

Entre as principais críticas apontadas estão o fim do feed por ordem cronológica e a crítica ao algoritmo da plataforma que desfavorece os conteúdos publicados pelos amigos em benefício dos anúncios publicitários e conteúdos sugeridos.

“A beleza do Instagram é que ele era instantâneo. Nos primórdios da aplicação, todos estávamos a viver o momento, a ver os nossos melhores momentos em tempo real”, lê-se na petição. “Vamos voltar às nossas raízes com o Instagram e lembrar que a intenção por trás do Insta era compartilhar fotos.”

A fotógrafa pede ainda que o Instagram “pare de tentar ser o Tiktok”, afirmando que os vídeos curtos publicados na plataforma são “TikToks reciclados ou conteúdos que toda a gente já viu”. Isto porque o sucesso da rede chinesa levou a várias actualizações no Instagram, sendo as publicações recomendadas e a promoção dos reels no feed principal algumas delas.

“Não me interpretem mal, eu adoro os reels, mas seria bom que permanecessem na sua secção. Já há muita coisa a acontecer na timeline”, afirma Tatiana num vídeo publicado na rede social.

Por fim, a criadora de conteúdo faz um apelo para que o Instagram “ouça os criadores”. “Parece-me errado que a mudança do algoritmo afecte os criadores que conseguem o seu sustento através da app e que contribuem para a comunidade. O novo algoritmo força-os a mudar toda a sua direcção de conteúdo e estilo de vida para servi-lo”, reitera.

Apoiada pelas influenciadoras Kim Kardashian e Kylie Jenner, a petição já foi assinada por mais de 195 mil pessoas. No Instagram, a publicação de Tati tem mais de dois milhões de likes e reúne diversos cometários de utilizadores insatisfeitos com a plataforma.

“Tudo o que vejo agora no meu feed são pessoas e influenciadores que não sigo, anúncios constantemente. Quase não vejo coisas pessoais e pessoas que conheço, elas simplesmente não aparecem, ficam perdidas em meio a tudo. Eu odeio o novo formato, é horrível”, escreveu Alex Wilson.

“Quando publicas uma foto no teu feed, o Instagram não mostra a ninguém. Há muito tempo que o Instagram não integra ninguém. Os criadores estão a ir para outra rede social porque lá a app mostra o que é publicado. O Instagram está a enterrar a sua própria aplicação”, comentou Higor Corrêa.

Em resposta aos protestos, o director executivo da plataforma, Adam Mosseri, publicou um vídeo a explicar que as alterações feitas na plataforma reflectem os novos comportamentos dos utilizadores. Ao “observares o que as pessoas gostam, consomem e visualizam no Instagram”, percebe-se que o gosto das pessoas “está cada vez mais a mudar”, declara o empresário. “Acredito que os vídeos vão ocupar cada vez mais espaço no Instagram”, acrescenta.

Adam assegura que ao mesmo tempo em que “várias coisas vão permanecer as mesmas”, como o compromisso da empresa com os criadores de conteúdo e as publicações em formato de foto, o Instagram vai “ter que evoluir, porque o mundo está a mudar rapidamente”.

Apesar dos esclarecimentos de Adam, alguns criadores não concordaram com o posicionamento da empresa. “Agradecemos a comunicação, mas parece que não está a ouvir as pessoas que usam e adoram a aplicação. Evoluir é diferente de copiar outra plataforma existente. Nós amamos o Instagram pelo que costumava ser e não pelo que se está a tornar”, afirmou a modelo Cindy Mello.

“A razão de haver tanto crescimento dos vídeos é porque estamos a ser forçados a postá-los. O desempenho das nossas fotos caiu mais de 90%, então os criadores estão a mudar para o vídeo não porque querem, mas porque é a única hipótese de crescer”, comentou o criador de conteúdo e maquilhador James Charles. “Estamos chateados porque nos importamos com esta aplicação, mas estou genuinamente preocupado que, se algo não mudar, não haverá mais nada.”

Texto editado por Amanda Ribeiro