O que acontece quando um antropólogo vai ao médico?
É verdade que não haveria médicos sem competências técnicas, mas também é verdade que uma parte importante da medicina envolve competências emocionais e sociais.
Ontem, finalmente, fui ao oftalmologista para um check-up. Descobri que estava a ficar com miopia em Macau, durante os meus estudos de chinês, no final da década de 1990. O grau de miopia não piorou desde então e mantém-se baixo, mas nos últimos anos comecei a sentir problemas com a visão ao perto, pelo que decidi ir ao médico. A experiência no oftalmologista foi um pouco perturbante, e talvez por defeito profissional, pois como sou um antropólogo social-cultural, habituado a estudar sociedades e culturas exóticas, acabei por tirar “notas de campo” para futura reflexão. Ao rever as minhas notas hoje de manhã, decidi que valia a pena partilhar uma breve descrição etnográfica da minha interação com o médico porque me pergunto se estou perante um caso isolado ou se, pelo contrário, se trata de um caso que reflete uma atitude normalizada entre alguns membros da classe médica e que merece uma discussão mais alargada.
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