Amazónia: os últimos guardiães de uma terra sem lei
A região do trapézio amazónico, na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru — onde há um mês foram assassinados o jornalista Dom Philips e o especialista indígena Bruno Pereira —, é uma imensa terra de ninguém na qual prolifera o crime à volta das riquezas naturais e do narcotráfico. Ali, onde quase não existem estruturas fortes de nenhum dos três países, são os indígenas que se assumem como os protectores da floresta — e são eles também as grandes vítimas do aumento da criminalidade e do abandono dos Estados.
Os homicídios do jornalista Dom Philips e do especialista indígena Bruno Pereira na terra indígena Vale do Javari, um território (supostamente) protegido a sul da região onde o rio Amazonas desenha a tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru, vieram lembrar ao mundo as ameaças criminosas que estão a destruir o pulmão do planeta naquela imensa terra de ninguém. Da pesca ilegal, que terá motivado estes crimes, ao cultivo, transformação química e transporte de coca; da mineração e garimpo ilegal de ouro à desflorestação selvagem; do tráfico de armas a todo o tipo de contrabando, tudo ali se pode fazer sem grande risco — e faz-se.
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