Cavalos saltam fogueiras em Castelo Branco. Tradição indigna activistas
Na aldeia Monforte da Beira, cavalos saltam sobre fogueiras na noite de São João. Como protesto, associações de defesa dos direitos dos animais denunciaram a prática. A Câmara Municipal declara que desconhece a existência de queixas.
Uma tradição de uma festa popular em Castelo Branco, em que cavalos saltam sobre fogueiras, está a provocar a revolta de movimentos de protecção dos animais nos últimos dias. A prática acontece anualmente na aldeia Monforte da Beira durante as noites de São João.
Imagens da celebração, publicadas inicialmente num grupo do Facebook, mostram as fogueiras e os cavaleiros a saltar pelas chamas em várias ruas da aldeia. Como protesto, associações de defesa dos direitos dos animais denunciaram a prática nas redes sociais. “Crianças ensinadas a verem os animais como algo que está ali disponível para se usar e abusar, dessensibilizadas para o sofrimento dos outros. São estas as nossas tradições”, escreve o movimento Coimbra Animal Save no perfil do Instagram.
Já o Núcleo de Intervenção e Resgate Animal (IRA) crê que as elevadas temperaturas “certamente criam ferimentos e sofrimento aos animais” e afirmam que “existem portugueses que continuam a comportar-se como autênticos selvagens” porque a legislação existente é uma “vergonha”.
Em declarações ao o P3, a deputada do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês de Sousa Real, condenou a prática que representa “uma clara violação da lei de protecção aos animais”, apesar dos cavalos não serem contemplados nas leis de criminalização de maus tratos. “Vamos evidentemente denunciar esta situação para perceber se efectivamente foi ou não conferida a autorização por parte de alguma entidade pública”, informou a deputada.
Já a Câmara Municipal de Castelo Branco diz desconhecer formalmente a existência de queixas associadas a esta tradição e “ainda que [as] possa vir a ter, não parece que lhe caiba intervir, salvo se porventura fossem identificadas verdadeiras situações de sofrimento cruel e prolongado”. “Não foi registada qualquer participação, ou reportadas quaisquer evidências, de que, do evento e da prática das tradições que lhe estão associadas, tenha resultado a morte, lesões graves ou sofrimento cruel e prolongado de qualquer dos animais envolvidos”, concluiu em declarações por escrito ao P3.
Também em Espanha existe uma tradição semelhante que tem sido alvo de críticas de activistas pela causa animal. Em San Bartolomeu de Pinares, Ávila, no início de cada ano é costume cavaleiros atravessarem fogueiras para purificarem os animais durante a festa Las Luminarias.
Texto editado por Amanda Ribeiro