Peter Brook: a revolução de um jovem com pressa
Peter Brook (1925-2022) construiu um percurso no teatro e no cinema, onde o espaço vazio era lugar de descoberta individual e de partilha colectiva.
Na apresentação da proposta de temporada 1959-1960, Amélia Rey Colaço dava conta da intenção de convidar Peter Brook para encenar Do Alto da Ponte, de Arthur Miller. A informação consta de um relatório guardado numa das muitas caixas com a correspondência administrativa da companhia à frente do Teatro Nacional Dona Maria II (TNDMII) e parece indicar que a encenadora vira, ou pelo menos lera sobre a encenação que deixara surpresa a crítica inglesa, desconfiada da evolução que Peter Brook fizera, desde os primeiros anos em que o Teatro da Crueldade, de Antonin Artaud, havia forjado uma ideia de teatro que se opunha contra o mais morto dos teatros-mortos, como escreveu Hans-Thies Lehmann sobre as mudanças que Brook trouxe ao teatro contemporâneo. Kenneth Tynant, que em 1956 assistira à estreia do texto, até então proibido, no Comedy Theatre, haveria de escrever que a encenação de Brook era “estranhamente boa”, sublinhando o que havia de evidente tanto quanto desconcertante no texto de Miller: “O pano cai, como deve cair numa tragédia, com uma questão irresolúvel: haveria outra hipótese para este homem?”.
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