Há pouco tempo, um homem sensato disse-me que os 32 são uma idade difícil, sobretudo para as mulheres. “É o último ano em que se está mais próximo dos 30 do que dos 35”, explicou, acrescentando que, psicologicamente, os 35 já estão mais próximos dos 40 e que entre esse intervalo de idades o relógio biológico feminino está ao rubro.
Numa altura em que tenho precisamente 32 anos, ouvir esta explicação ajudou-me a organizar as ideias e serviu como ponto de partida para uma reflexão alargada.
Identifiquei-me com o sentimento de pressão da idade inerente aos 32, devo admitir. É algo que já detectei em mim mais vezes do que gostaria e em muitas mulheres à minha volta. A pressa de ter de encontrar alguém, de casar, de ter filhos, porque é isso que as pessoas fazem nesta idade: é assim que, regra geral, a sociedade se organiza.
“Estás a ficar para trás”, “estás encalhada”, “tens de ter filhos rápido porque depois é mais difícil” são algumas das frases mais irritantes de ouvir (e até de pensar), sobretudo pelo impacto que têm, sem terem de ter.
Mas no momento em que escrevo estas palavras, sinto-me tranquila, por constatar que esse impacto é cada vez mais residual. Aprendi a valorizar a minha circunstância e, sobretudo, a comparar-me aos outros com maior clareza.
Vou dar um exemplo prático. Num fim-de-semana recente, estive com um grupo de amigas em que o contraste foi claro e, ao mesmo tempo, complementar e saudável: de um lado, as noivas ou casadas, do outro, as solteiras ou sem o namorado presente. Entre as noivas e casadas, havia bebés e, com isso, noites mal dormidas, sestas cronometradas, intercomunicadores omnipresentes. No outro grupo, havia invariavelmente mais copos e fumo, mais serões pela madrugada, mais divagações. Resta dizer que, claro, eu integrei o grupo das solteiras.
Voltei desse fim-de-semana a pensar que neste momento não trocaria a minha circunstância. E não é por considerar que estar numa relação e com filhos é melhor ou pior ou por eu própria não ter essa aspiração - até porque tenho, sobretudo no que aos filhos diz respeito - mas pela profunda convicção de que cada momento da vida é para ser vivido com leveza, com gratidão, porque cada circunstância tem alegrias e amarguras e a verdadeira sabedoria é aprendermos a olhar para o copo meio cheio, sempre. Coisas que tanto mulheres casadas, como solteiras me têm vindo a ensinar.
Às mulheres que, como eu, têm 32, com todas as pressões biológicas ou sociais que isso pode representar: por favor, não tenham pressa, não olhem para o que não têm, não se comparem para se desvalorizarem. Tirem partido de cada momento de liberdade, de cada noite na discoteca, de cada dia que podem planear sem dever nada a ninguém. Os casamentos e os filhos hão-de chegar, ou não, se assim acontecer ou não o desejarem, porque a vida é longa e tão mais rica quanto mais diverso for o percurso de cada um.
Cada caminho é válido, cada opção também. Cada circunstância é única, não se repete, saibamos dar-lhe valor, todos os dias.