Associação diz que vídeo em que condutora de tuk-tuk parte vidro de eléctrico só conta parte da história
Confronto entre guarda-freio e condutora de tuk-tuk em Lisboa aconteceu em Abril, mas só agora foi divulgado na internet. Associação diz que imagens só contam o final da história.
Aconteceu no passado dia 3 de Abril, junto à Sé de Lisboa mas só nesta semana chegou às redes sociais através de um vídeo. De um incidente entre um guarda-freio do eléctrico 28 e uma condutora de um veículo de animação turística (tuk-tuk) resultou um vidro partido do famoso eléctrico lisboeta e muita confusão. Com a divulgação das imagens da condutora a quebrar o vidro, as críticas não tardaram nem foram mansas mas a associação do sector diz que só se vê apenas uma parte da história.
Através do vídeo é possível ver um tuk-tuk, modelo Piaggio, parado em cima da linha de circulação do eléctrico, enquanto o guarda-freio não poupa o sinal sonoro para protestar com o sucedido. A condutora do veículo de animação turística acaba por sair da viatura dirigindo-se ao eléctrico, visivelmente aborrecida, acabando por partir a janela do veículo da Carris. Depois, regressa ao tuk-tuk e retira-o da linha, voltando para junto do eléctrico para protestar por estar a ser filmada. Enquanto isso, o guarda-freio diz, em inglês, aos passageiros que a viagem terminava ali.
Dois meses e meio depois, o vídeo surge nas redes sociais e a condutora não é poupada. Mas segundo a Associação Nacional dos Condutores de Animação Turística (ANCAT), as imagens, recolhidas pelo guarda-freio, não contam tudo pois o vídeo em questão “corresponde apenas à parte final do que realmente se passou e corresponde ao interesse de quem captou as imagens”.
Através de comunicado, a ANCAT explica que o incidente começou “quando o veículo Piaggio, com clientes a bordo, circulava na Baixa a caminho da Sé, tendo parado no sinal vermelho da Rua da Conceição com a esquina da Rua da Madalena, local onde existe uma paragem da Carris para o eléctrico 28”. Após o sinal ficar verde, “a condutora não conseguiu arrancar de imediato, pois o motor foi abaixo”, sendo que, segundo explica ainda a ANCAT, “o guarda-freio do eléctrico 28, que se encontrava atrás da viatura de animação turística, em vez de contribuir para a resolução da situação esperando o reiniciar do veículo e demonstrando alguma paciência e solidariedade profissional, optou por usar - e abusar, saliente-se - do sinal sonoro que deve ser apenas utilizado para situações de aviso ou de evidente alarme”.
Ainda sobre o sucedido, a ANCAT acrescenta que “durante a subida até à Sé, o mesmo guarda-freio, contra todas as regras de trânsito, continuou a fazer uso insistente do sinal sonoro do seu veículo, provocando assim a condutora à sua frente”. Após chegar junto à Sé de Lisboa, o tuk-tuk “fez sinal para estacionar reduzindo a velocidade, visto que ia vagar um lugar” sendo que “o eléctrico chocou contra a traseira do veículo de animação turística”.
Um suceder de situações que levou “à ira do passageiro do veículo de animação que quis tirar satisfações da atitude provocatória do guarda-freio” mas que foi “acalmado pela condutora, que nervosa com a situação, agravada ainda pelo constante sinal sonoro do eléctrico, que continuava a fazer-se sentir de forma insistente, ao qual se juntaram insultos proferidos pelo guarda-freio”, explica a ANCAT.
A organização afirma ainda que, através das filmagens, o guarda-freio demonstrou “uma premeditação resultante da provocação que vinha a fazer desde a Rua da Conceição”.
A ANCAT diz que a condutora do tuk-tuk se deslocou à Carris “para apresentar queixa contra a provocação do guarda-freio” tendo recebido uma resposta da Carris a “lamentar a atitude provocatória do seu funcionário”. Uma ocorrência que a associação “lamenta igualmente”. Quanto à reacção da condutora, e apesar de se entender a reacção “perante as circunstâncias”, a associação espera, no entanto, que “tal não se volte a repetir com os seus associados”.
O PÚBLICO entrou em contacto com a Carris de modo a perceber a posição da empresa relativamente ao incidente ocorrido em Abril, mas ainda não obteve resposta.
No entanto, num mail enviado ao presidente da câmara de Lisboa, um empresário de tuk-tuk critica a posição da ANCAT, que “tende sempre a minimizar os problemas e desculpabilizar os infractores”. Depois de pedir desculpas em nome pessoal e colectivo, José Pinto acrescenta que “os guarda-freios e restantes motoristas da Carris têm muitas razões de queixas destes condutores, inclusivamente de agressões físicas, e é normal que alguns tenham a paciência no limite, e cometam alguns excessos ou ‘birras'”.
Texto editado por Ana Fernandes