Mais um disparate de Kissinger
O apoio de Henry Kissinger às invasões, às revoluções e à forma violenta de resolução dos problemas em vários pontos do mundo já não é de hoje. Tem décadas.
Henry Kissinger, antigo secretário de Estado dos Estados Unidos nas Administrações Nixon e Ford, agora com 99 anos, voltou à ribalta e a dizer autênticos disparates, conforme o fez durante a sua vida.
Pasme-se que, para Kissinger, a forma de a guerra na Ucrânia acabar seria este país independente ceder território à Federação Russa, sendo que a Europa deveria convencer o país invadido a se acobardar. Sendo a Rússia o maior país do mundo em área, pelos vistos Kissinger acha que ainda devia ser maior.
Para Kissinger, uma ampla derrota da Rússia vai trazer uma destabilização suplementar na Europa e no Mundo, pois o orgulho dos russos é enorme e a humilhação só os fará continuar com barbaridades e irá aproximá-los cada vez mais da China.
Independentemente de fazerem algum sentido algumas coisas que disse, e de agradar a algumas mentes menos atentas, não posso deixar de criticar esta leviana solução proposta para acabar com a guerra.
Afinal, quem é que invadiu um Estado soberano e democrático? E porque não uma solução contrária, em que a Rússia ceda território à Ucrânia como ligeira forma de pagar os prejuízos que infligiu e as atrocidades que cometeu e ainda está a cometer? Até a guerra tem regras.
A paz não deve ser obtida a qualquer custo, porque a guerra começou por nada e nem motivos futeis existiram. Não estamos na Idade Média ou nos tempos do Império Romano, em que as guerras eram o motivo para alargar territórios e os vencidos eram feitos escravos ou mortos.
Será que a sua opinião seria a mesma se fosse a Rússia a invadir os Estados Unidos? Qual seria o Estado que os americanos cederiam à Rússia? Talvez a Florida, sempre tem sol e bom tempo o ano inteiro, pois na Crimeia Putin e os seus oligarcas só podem lá ir à praia no verão.
Os portugueses, os timorenses e os argentinos não podem esquecer quem é Kissinger. Foi este senhor, quando era secretário de Estado dos EUA, que legitimou em 1975 a invasão da Indonésia a Timor e também deu apoio ao golpe de Estado que lançou a ditadura militar na Argentina.
Pelos vistos, o seu apoio às invasões, às revoluções e à forma violenta de resolução dos problemas em vários pontos do mundo já não é de hoje. Tem décadas.
Com a idade que tem, devia retirar-se dos holofotes e finalmente assumir que o seu tempo passou e refletir em tudo o que fez na sua já longa vida. A culpa não é dele, é de quem lhe dá crédito e palco. A única vantagem é que, nos dias de hoje, já não tem poder para fazer disparates à Humanidade, apenas os diz. Haja paciência para pessoas deste género.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico