Joe Eszterhas: o leão do drama sangrento
Dá vontade de recordar o tempo em que o ego de um realizador, actor ou argumentista era capaz de eclipsar o sol incessante da Califórnia. Ah, a nostalgia fervilhante dos anos em que se corriam riscos! Passadas três décadas sobre a estreia de Instinto Fatal, falámos com o leão do drama sangrento, o jornalista, argumentista, escritor e rebelde Joe Eszterhas.
Com o mundo em chamas, as guerras, os refugiados e uma catástrofe ecológica à porta, vale a pena relembrar o colapso recente das salas de cinema e as outras mudanças radicais que temos vindo a presenciar no audiovisual? Ninguém consegue antecipar o que irá sobreviver ao ritmo assustador deste novo século. Os estúdios clássicos de Hollywood continuarão a ceder lugar à Apple, Netflix e TikTok? As novas gerações vão sentir necessidade de se verem transportadas em filmes de duas horas numa sala enorme e escura, ou, pelo contrário, o seu cérebro exige a velocidade de várias histórias e conversas em simultâneo dentro de um ecrã reduzido, o controlo das operações na palma da mão, mais variedade e mais informação a todas as horas do dia? Dada a vontade que Elon Musk tem de criar uma nova rede social, estaremos preparados para o dia em que o filme vencedor em Cannes ou Veneza tenha sido produzido pela Tesla? Quanto ao valor intrínseco do Óscar, o debate mantém-se aceso. Num momento em que tanta gente sofre com as mais diversas carências básicas, continua por apurar se é mesmo importante andar por aí a atribuir aplausos, galas de champanhe e estatuetas douradas a multimilionários.
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