BCE mantém taxas de juro mas reforça fim das compras de activos “algures” no terceiro trimestre

Decisão de subida de taxas de juro “pode levar semanas ou até vários meses” após o fim do programa de compra de activos, garante Christine Lagarde.

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Christine Lagarde, presidente do BCE, continua sem sinalizar início da subida das taxas directoras EPA/RONALD WITTEK / POOL

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu esta quinta-feira deixar as taxas de juro inalteradas, com a principal taxa de refinanciamento a manter-se em 0%, embora tenha destacado que espera concluir as compras de activos no terceiro trimestre, sem precisar quando. A taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez também se manteve em 0,25% e a taxa de depósitos em -0,50%.

“Na reunião de hoje, o Conselho do BCE considerou que os dados que passaram a estar disponíveis desde a última reunião reforçam a sua expectativa de que as aquisições líquidas de activos ao abrigo do seu programa de compra de activos (asset purchase programme ou APP) sejam concluídas no terceiro trimestre”, refere o comunicado.

Sem avançar uma data específica, Lagarde insistiu que a conclusão do programa pode ocorrer “a qualquer momento no terceiro trimestre”.

A decisão do BCE provocou uma ligeira queda nos juros das obrigações da zona euro, uma vez que Christine Lagarde, presidente do banco central, insistiu que não há um prazo claro para o início da subida de taxas de juro, acrescentando que “pode levar semanas ou até vários meses após o fim do APP”.

Assim, apesar do forte crescimento da inflação na zona euro, que atingiu 7,5% em Março, o BCE mantém-se à margem de vários bancos centrais internacionais, que já iniciaram a subida das suas taxas directoras.

Apesar de reconhecer que os riscos de uma subida da inflação se intensificaram a curto prazo, devido à guerra na Ucrânia, o BCE mantém o princípio do gradualismo e da flexibilidade. “No passado, a flexibilidade serviu-nos bem”, afirmou Lagarde, recordando que, há dois anos, quando foi necessário, agiram “prontamente” e que poderão “fazê-lo novamente”.

“A guerra na Ucrânia está a afectar severamente a economia da zona do euro e aumentou consideravelmente a incerteza”, disse a responsável, antecipando que os preços da energia vão continuar altos a curto prazo, que a subida de preços se está a generalizar a outros sectores, incluindo o dos bens alimentares.

“A persistência dos custos elevados com a energia, conjugada com a perda de confiança, pode baixar a procura e travar o consumo”, penalizando dessa forma o crescimento na zona euro, sustentou.

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