Em prova: Alvarinho mostra os seus trunfos

A excelsa qualidade da casta alvarinho e a sua grande capacidade de adaptação a praticamente todos os territórios vitícolas nacionais teria de ter, mais tarde ou mais cedo, também, o mesmo efeito dentro da região dos Vinhos Verdes. Aqui está uma selecção de vinhos estremes da casta que atestam a validade e adequação do alargamento.

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"Esta prova", escreve o crítico Fernando Melo, "mostra bem a diversidade de que a casta é capaz, e sobretudo a sua capacidade de adaptação" Nelson Garrido

A região que hoje conhecemos como Monção e Melgaço era, até há cerca de sete anos, a única proveniência que podia ser mencionada nos rótulos como alvarinho. A portaria 152/2015 de 26 de Maio veio alterar radicalmente o cenário, permitindo o registo e comercialização de vinhos alvarinho com a explicitação da região de origem fora da ancestral Monção e Melgaço. De facto, tal já acontecia no resto do país – e do mundo – e apenas a região dos Vinhos Verdes permanecia obrigada a essa exclusividade.

A liberalização decretada é favorável à livre concorrência que todos pretendemos ver acontecer, e além disso com esta medida a paridade é restituída ao território português. Nas suas notas aromáticas mais típicas, a alvarinho proporciona impressões de pêssego, limão, raspa de laranja, frutos tropicais e flor de jasmim, consoante as opções de vinificação seguidas na produção e de acordo com o local – solo e clima – onde as vinhas medram.

Na boca, há impressões fortes de frescura e as variantes cítrica e tropical são as dominantes. A casta é exuberante nos vinhos novos, e o envelhecimento é normalmente harmonioso, decretando a harmonia e a elegância como vectores dominantes. É, de resto, impressionante a capacidade de envelhecimento dos vinhos estremes de alvarinho, pelo que há que evitar o preconceito de achar que por ser branco tem menos longevidade.

A prova de vinhos alvarinho que fizemos mostra bem a diversidade de que a casta é capaz, e sobretudo a sua capacidade de adaptação, exprimindo todo um terroir de forma franca. Trata-se, sem dúvida, de uma grande casta branca nacional, de que retemos vários estilos de que gostamos muito, em detrimento da possível estandardização.

Em termos de harmonias vinho-comida, o leque de possibilidades é um dos maiores de que o país vitivinícola é capaz, desde o petisco mais simples à pastelaria, passando pela parafernália culinária consagrada nos livros clássicos de cozinha. Apoiada na excelente acidez que apresenta, a casta alvarinho é copiosa em todas as frentes.

Boas provas!


Este artigo foi publicado no n.º 4 da revista Singular.

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