Pai, filho e Helmut Berger

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Helmut Berger poses leaning at the edge of a pool; he's dressed and barefoot. Taormina, 1973. (Photo by Angelo Deligio/Mondadori via Getty Images) Angelo Deligio/Mondadori via Getty Images

Em 2014 voltámos a ouvir falar em Helmut Berger; e em Janeiro deste ano despedimo-nos do também actor Gaspard Ulliel (1984–2022). Eu que ouço o nome do narciso de Bad Ischl desde que me conheço, deixei escapar o filme de Bertrand Bonello, Saint Laurent, que integrou a competição principal de Cannes 2014, e foi a escolha francesa para a agora rebaptizada categoria de Melhor Filme Internacional nos Óscares. Ulliel e Berger dão corpo ao designer de moda francês, nos diferentes períodos do seu apogeu (1967-76) e auto-imposto ocaso (1989). A minha descoberta de Saint Laurent aconteceu recentemente, e o filme ressoou dentro de mim na exacta medida daquilo que constitui o efeito especular que o mesmo sugere, e que se estende da personalidade de Yves Saint Laurent para a própria história do cinema, e em particular para o momento da filmografia de Luchino Visconti (1906-1976) com Helmut Berger, para quem o maestro italiano representou o duplo papel de maior mentor e do grande amor. Bonello cria um fluxo de momentos de uma beleza inebriante e decadente, que usam do rigor obsessivo de esteta na disposição dos elementos visuais, e no modo de tirar partido destes com a elegância de recursos estilísticos como o uso de intensos zooms, à semelhança do que Visconti fazia para nos envolver e fazer-nos sucumbir ao sublime nos seus filmes.

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