Porto

No Porto, nasceu uma casa onde os quartos crescem com os filhos

Uma equipa de três arquitectos, dos gabinetes WeStudio e MADE, juntou-se para criar uma casa, no Porto, para uma família vinda de Londres. Como ponto forte, salienta-se o aproveitamento do espaço, pensado para oferecer uma boa "qualidade de vida".

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Uma família que vivia em Londres desejava voltar a Portugal e criar um lar à medida dos filhos. E, para cumprir este o desejo, nasceu uma moradia térrea na Rua Direita de Francos, no Porto, assinada pelos gabinetes de arquitectura WeStudio e MADE.

José Mendanha foi um dos arquitectos a liderar a intervenção, em conjunto com Nadia Santos e João Francisco Sousa. Ao P3, conta que pretendiam criar um "espaço envolvente" para a família. Para isso, o edifício ficou voltado para sul, aproveitando a exposição solar, edificando-se na forma de um L em torno de um pátio com jardim.

A casa caracteriza-se por um jogo de quotas criado por mezzanines, plataformas circuláveis, elevadas em relação ao chão, construídas para aumentar a área habitável. “É uma casa que se tenta procurar espacialmente, não só a nível de planta como a nível de corte”, explica o arquitecto. Apesar de ter apenas um piso, está preparada para cinco pessoas, dispondo de um quarto de casal e três simples.

O projecto foi desenhado em conversa com a família, cuja grande preocupação era a “qualidade de vida dos filhos e a forma como eles iam ocupar a casa”. Como tal, a casa, e especialmente os quartos, têm uma “relação muito forte com o jardim”. Além disso, o uso das mezzanines permitiu que, sem fazer dois pisos completos, se criassem “espaços a duas quotas” que aumentam a área utilizável do compartimento. “Permite que possam escolher onde querem brincar, estudar e dormir”, adianta José Mendanha, acrescentando que, com o crescimento das crianças, o quarto pode adaptar-se e “acompanhar esta evolução”.

No que toca a materiais, o arquitecto adianta que o tijolo tem “uma presença gigantesca”, ainda que tenha representado um desafio: “Tecnicamente, é muito exigente fazer funcionar a cobertura”, constata. Explica também que a escolha se baseou na capacidade de o material “envelhecer de uma forma natural” e “manter-se sempre na contemporaneidade do momento”. “Tem uma expressão completamente diferente; quando olhamos para o edifício à distância mostra um volume mais homogéneo, mas quando nos aproximamos percebemos que há detalhe de textura”, remata. No interior, refere a escolha de “materiais muito simples”, destacando a madeira de bétula.

Outro tema explorado na moradia é a luz natural. “Há duas clarabóias e um óculo [uma janela na entrada] e conseguimos, como a casa está toda voltada a sul e a nascente, ter uma qualidade de luz um bocadinho diferente ao longo do dia”, diz José Mendanha, salientando também os “vãos voltados para o jardim” que ajudam a manter uma luminosidade “constante”.

Texto editado por Amanda Ribeiro

©José Campos
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