Durante os confinamentos, foram muitos os que pensaram com saudosismo nos agradáveis espaços verdes, nas ciclovias à beira-mar e nas caminhadas. A pandemia “trouxe à discussão os espaços públicos e a mobilidade” e foi nesse contexto que Mário Rui André se sentiu “impulsionado” a criar um site que reunisse “informação útil” para as pessoas “saberem como se podem mover na cidade”.
Foi assim que surgiu o Lisboa Para Pessoas, que se dedica exclusivamente à informação relacionada com a mobilidade, inclusão e sustentabilidade na cidade. “O site quer acompanhar Lisboa nas mudanças que se comprometeu a fazer para a cidade se tornar mais inclusiva”, explica Mário, de 29 anos. “Se a cidade vai mudar de forma tão pesada, acompanhar esta transição é aquilo que nos propomos fazer em termos de conteúdos e escrutínio.”
Mário, que colabora com o Shifter, fala na necessidade de organizar a informação dispersa e “descomplicar a linguagem”, destacando a importância de envolver a população nas transformações. “Eu diria que todos queremos uma cidade mais verde e inclusiva, mas é preciso que as entidades estejam envolvidas para que a visão seja aceite e se perceba.”
“Uma cidade deve permitir que as pessoas possam escolher a forma como se movem” e não forçá-las a uma determinada forma de mobilidade por ser mais “fácil”. “Não vamos culpar as pessoas que se deslocam para a cidade de carro para ir trabalhar porque as nossas políticas sempre promoveram essa opção”, explica.
Diz que “Lisboa está num bom caminho” e acredita que um projecto de comunicação social como o Lisboa Para Pessoas “contribui para a mudança”, por dar uma “profundidade” ao tema que os outros órgãos de comunicação não conseguem dar.
O projecto, que completou um ano a 28 de Fevereiro, ainda é uma espécie de “protótipo” e Mário mostra vontade de aperfeiçoar o conceito. Esse objectivo passa por uma campanha de crowdfunding, que termina a 28 de Abril e tem como propósito angariar fundos para financiar os conteúdos a serem produzidos para o site.
“Já mostrei o valor que o Lisboa Para Pessoas tem até agora, mas para continuar é preciso que tenha uma base para me conseguir dedicar a isto a 100%”, afirma o jovem. Mário mostra-se “convicto” de que o projecto “é bom para a cidade”. Gaba a comunidade que se criou em volta do Lisboa Para Pessoas, que considera “fantástica”, e acredita que “isto pode ser uma coisa maior”, com a adesão e o apoio de mais pessoas.
Texto editado por Ana Maria Henriques