Dez anos de surf na Nazaré: uma exposição para “mostrar as maiores ondas do mundo”

Até 6 de Março, no Teatro Chaby Pinheiro, na Nazaré, o fotógrafo e realizador Jorge Leal percorre dez anos de memórias na exposição Naza 10. São 32 “grandes impressões sobre a beleza natural da Nazaré”. 

©Jorge Leal
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Jorge Leal dedicou os últimos dez anos da sua vida à paixão pela Nazaré e as suas ondas gigantes. “São milhares de fotografias que contam momentos únicos, que muitos deles não se voltam a repetir”, conta ao P3. Por isso, o fotógrafo e realizador decidiu fazer uma exposição — Naza 10 — que conta a história de uma década de surf da Praia do Norte. 

Inaugura-a no Teatro Chaby Pinheiro, na Nazaré, mas refere que “a ideia é internacionalizá-la, para poder mostrar as maiores ondas do mundo”. Até dia 6 de Março, é possível visitar gratuitamente o arquivo do artista que reúne 32 fotografias de “grandes impressões sobre a beleza natural da Nazaré” e muita história sobre algumas das grandes lendas do surf. Conta ainda com algumas curtas-metragens e documentários que “contribuíram para um reconhecimento maior da Nazaré no mapa”. 

Como vive a três minutos a pé da praia, Jorge chega sempre antes dos surfistas ao seu local de trabalho. Não lhe escapa “absolutamente nada no que diz respeito às ondas grandes” desde que integrou a equipa de Garret McNamara, há dez anos. O fotógrafo de 47 anos é natural do Porto, mas há seis que se mudou para a Nazaré. “Já faço parte dela”, revela ao P3.  

Mas antes de embarcar nessa aventura, já o surf fazia parte da sua vida. Começou a surfar aos 13 anos, “influenciado pelos primeiros surfistas do Norte”, como Abílio Pinto, Freddy e Ramiro, conta. A proximidade que sempre teve com o mar, diz, levou a que nunca tenha tido medo de se aproximar dele para obter os melhores ângulos das ondas. Contudo, fotografar dentro de água requer um piloto que o acompanhe. Jorge anseia o retorno do seu “piloto de eleição”, o surfista Hugo Vau, em quem deposita “máxima confiança” para entrar na água, mas que de momento se encontra afastado da Nazaré depois de um acidente em 2020, durante a competição WSL, enquanto resgatava Alex Botelho

Nesse dia quase trágico para a comunidade do surf, Jorge Leal estava fora de água a filmar e a servir de spotter, que é, como quem diz na gíria do surf, a dar indicações por rádio ao atleta sobre o estado do mar. “Foi um momento dramático quando percebi que algo estava a correr muito mal e que me levou inclusivamente a parar de filmar. (…) A competição WSL mostrou imagens desse momento que não devia ter mostrado nunca”, comenta ao P3. Ultimamente tem trabalhado “com um ou dois amigos”, em equipa, porque tal permite-lhe “fazer determinados ângulos” que sozinho não conseguiria fazer, sobretudo em vídeo, pois “o equipamento é imenso e bastante pesado”. 

Ao fim de uma década de experiência, considera que “muito mudou” na Nazaré, principalmente no que concerne à afluência de turismo. Uma das fotografias que o mostra é uma imagem do “farol com as ondas grandes por trás, num dia com o céu limpo e ondas incríveis, mas sem ninguém presente”. Um cenário quase impensável, hoje em dia: “Quando se sabe que vai haver ondas grandes, a Nazaré está cheia.”

Texto editado por Amanda Ribeiro

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