Com “um artista, uma faixa e uma paisagem”, o Soundscape quer mostrar a cultura portuguesa

Para mostrar que Portugal é “a Califórnia ainda desconhecida da Europa”, o realizador Yoann Le Gruiec filma artistas em paisagens que lhes são íntimas, para mostrar, internacionalmente, a cultura nacional. É o Soundscape.

Foto
Surma interpretou a faixa Drög, na Nazaré

Com vontade de documentar a “diversidade e riqueza da música em Portugal”, Yoann Le Gruiec, de 35 anos, criou o Soundscape, um projecto audiovisual para promover a cultura portuguesa a nível internacional.

O realizador estava em Lisboa quando, em Outubro de 2020, Emmanuel Macron decretou novo confinamento em França. Decidiu não voltar para Paris e ficou em Portugal, onde viajou durante um mês e conheceu zonas como a Ericeira, Sintra, Mafra, Peniche, Nazaré, Faro e Lagos. “Fiquei espantado com a diversidade e riqueza da música, e surpreso por não a conhecer na vizinha França”, revela ao P3.

Com dupla nacionalidade francesa e inglesa, Yoann não só é produtor, como também director de fotografia de documentários e videoclipes. Filma músicos há já 12 anos e fá-lo em França e nos Estados Unidos, para diferentes canais, por exemplo, o Arte.Tv.

Agora, com o Soundscape, quer mostrar que Portugal é “a Califórnia ainda desconhecida da Europa”. Para isso, lança no YouTube, todas as semanas, um episódio, no qual um artista interpreta um tema original, numa paisagem que lhe é, de alguma forma, íntima – “ligada à sua música ou história de vida”. O conceito, resume Yoann, é: “Um artista, uma faixa, uma paisagem”. Além disso, também faz entrevistas, em que os artistas contam, por exemplo, como funciona o seu processo criativo. O primeiro episódio saiu em Janeiro com Surma; seguiram-se Shaka Lion e Scúru Fitchádu.

“Encontrar uma forma de levar a música aos ouvidos do público internacional” é o desafio. Do techno ao hip-hop, do kuduro ao funaná, passando ainda pelo funk, Yoann encontra na internet um meio que lhe permite “criar um formato simples, estético, fácil de assistir e partilhar”.

Scúru Fitchádu a actuar no Cais do Ginjal, em Almada
Scúru Fitchádu a actuar no Cais do Ginjal, em Almada
Scúru Fitchádu a actuar no Cais do Ginjal, em Almada
Fotogaleria
Scúru Fitchádu a actuar no Cais do Ginjal, em Almada

Para fazer nascer este projecto, que é uma “espécie de documentário”, juntou, entre França e Portugal, uma equipa de 13 elementos – amigos com quem trabalha há dez anos e pessoas que encontrou em Portugal — por exemplo, conheceu o operador de drone “enquanto ele filmava as ondas gigantes da Praia do Norte [na Nazaré]”.

Juntos querem tentar “mudar a imagem do fado e do bacalhau internacionalmente aclamados e actualizá-la com o Portugal moderno”, diz, repetindo os ecos que tantas vezes lhe chegam. "Ouço muitas vezes que Portugal tem muito mais do que isso”, diz. “Se pudermos ajudar a mudar essa imagem, e conseguir mostrar o país como o descobrimos extremamente rico em cultura, paisagens e música, com toda a sua diversidade —, então estamos à disposição!”

Texto editado por Amanda Ribeiro

Sugerir correcção
Comentar