Ao final da noite eleitoral abri o Twitter, rede social onde se faz parecer que o mundo acontece, e a palavra de ordem era uma: “emigrar”.
Nunca quis, nem quero, emigrar. Nunca fez parte dos planos e penso que não irá fazer.
Apesar de toda a perplexão com que olhei para a televisão durante toda a noite ao acompanhar o crescimento dos resultados que culmina na maioria absoluta do PS, de olhar para os próximos quatro anos com muito pouca perspectiva de evolução, de pensar que nada, económica, social ou politicamente, vai mudar, como tanto desejei, a vontade com que fico no rescaldo desta noite é apenas uma: fazer algo para mudar.
Como foi referido e é sabido, Portugal é dos países mais envelhecidos da Europa e continuaremos a subir na lista se nada for feito.
Enquanto a conformidade for a palavra de ordem e a desinformação a alavancagem para uma mudança do voto, prejudicando assim a democracia, levados pelo populismo para votar na que é hoje a terceira força política em Portugal, nada se vai alterar.
Foi dito várias vezes, por vários líderes partidários e seus companheiros, que um voto no Chega seria um voto útil para o PS e foi exactamente isso que aconteceu. No domingo ouvimos André Ventura a “cantar vitória” elegendo 11 deputados, ficando a democracia mais pobre.
Vimos o CDS-PP a perder a sua representação parlamentar, ficando a democracia mais pobre.
Vimos o PS a ganhar uma maioria absoluta numa democracia que fica mais pobre, mais podre, avizinhando-se quatro anos de pura estagnação, inflação, aumento de impostos. E são estes que fazem o chamado “voto útil” à esquerda que se queixam, tanto quanto eu, dos anos de governação socialista a que fomos, e continuamos a ser, sujeitos.
Eu, e talvez alguns milhares de jovens-adultos como eu, não vemos para nós o futuro na emigração, mas também não olhamos com “olhos de quem só quer ficar a ver” a continuação do empobrecimento, da estagnação, da inflação, da mentira e da corrupção.
A solução passa, e irá passar nos próximos anos, por nós. Que se faça algo pela mudança, pela liberdade, pela democracia, pelo crescimento de todos os sectores deste nosso país que não queremos ver na cauda da Europa. O futuro será nosso e não passa pelo Twitter.
Este domingo, apesar da noite triste, consegui ainda tirar um pouco do bom e do início da mudança: oito deputados liberais conquistam agora o seu assento parlamentar. Para mim, esta é a vitória de uma noite negra para Portugal.