Esta academia apartidária quer formar a próxima geração de líderes políticos
A Próxima Geração é uma academia apartidária que pretende formar jovens e ajudar a eleger a próxima geração de cidadãos políticos. Portugal é o segundo país na Europa e o quarto no mundo a fazer parte deste movimento global de capacitação. Candidaturas abrem em Fevereiro.
Nove empreendedores portugueses juntaram-se com um objectivo comum: contribuir para a melhoria e inovação do sistema democrático no país, através de uma formação para jovens entre os 16 e os 30 anos. Aprender a debater e a encontrar consensos, pensar e criar decretos-lei ou mesmo uma campanha política são algumas das actividades do curso da Próxima Geração, nascida a partir da iniciativa global Apolitical Global, com um conjunto de academias espalhadas pelo mundo.
Quão “brutal” seria ter uma academia que ajudasse pessoas de diferentes contextos económicos e sociais a entrar no mundo da política? Assim pensou Ricardo Marvão, um dos responsáveis pela Próxima Geração. O também co-fundador da consultora de inovação Beta-i e de projectos educacionais, como a European Innovation Academy e a Singularity University Portugal, revela ao P3 que a educação tem vindo a tornar-se uma paixão de vida. O “clique” deu-se em 2019, quando viu o documentário Knock Down the House (2019, Rachel Lears) que conta a história de “uma associação de jovens dos Estados Unidos que sentiram necessidade de juntar outros com aspirações políticas, mas que não têm muitas vezes um mentor que lhe ensine as bases sobre o sistema político americano”.
A política, no contexto desta academia, sublinha Ricardo Marvão, deve ser interpretada “no seu formato mais lato”, pois crê que a formação não deve ser dirigida apenas a pessoas “que queiram ser eleitas”, mas a todos os que “pretendam ter um papel mais activo na sociedade”. O objectivo da Próxima Geração é “proporcionar-lhes as ferramentas necessárias para atingir isso”.
A formação vai desenrolar-se ao longo de 12 semanas, sendo a maior parte do curso online, com três fins-de-semana que estão a ser programados para que sejam realizados fora dos grandes centros urbanos. “Queremos que as pessoas ganhem noção sobre o que é Portugal realmente, conheçam os problemas das câmaras e o que acontece em cidades mais pequenas no interior do país, muito diferente do espectro de Lisboa e do Porto”, afirma o co-fundador.
Para o primeiro curso haverá 30 vagas, número que pode vir a aumentar para 60, e o curso pode vir a realizar-se três vezes por ano. O lançamento das candidaturas está previsto já para Fevereiro. O valor da inscrição ainda não é público.
Além de descentralizar a política, esta academia quer promover a interacção com os braços internacionais do projecto. A intenção é que os jovens ganhem conhecimento sobre as diferentes percepções dos demais países perante um determinado assunto, como a migração. “Este conhecimento global é muito importante hoje em dia para uma pessoa que esteja ligada à política”, considera Ricardo Marvão. E a criação de uma rede de contactos entre os participantes é uma mais-valia. “É algo que não tem preço.”
Texto editado por Ana Maria Henriques