Dubai: a Expo 2020 pelo caderno de viagens de Tomás Reis

Tomás Reis
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Tomás Reis, arquitecto e contador de histórias de viagem, viajou até ao Dubai a convite da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), para uma reportagem desenhada da Expo 2020. A partir do desenho, o artista procura esboçar a essência daquele que é um dos eventos mundiais mais antigos e longos do mundo, no qual 192 países se juntam para partilhar aquilo que têm de mais inovador e único.

O contexto pandémico não foi o único factor atípico desta edição da Expo, a decorrer até 31 de Março de 2022: esta é primeira vez que um país do Médio Oriente recebe a Expo e que é disponibilizado um pavilhão para cada país. A arquitectura é, assim, um elemento muito presente no espaço do evento e, consequentemente, no trabalho do arquitecto, que afirma ao P3 ter escolhido iniciar esta reportagem pela sua base. Tendo este caderno sido uma iniciativa do Pavilhão de Portugal, decidiu “adoptar uma forma de ver a Expo 2020 a partir do mesmo”.

Através de cores que “nada têm de corresponder à realidade”, Tomás apresenta o edifício no seu caderno através de tons de amarelo e azul, "como forma de homenagear a azulejaria portuguesa”, reflectindo, ao mesmo tempo, o momento do final da tarde, quando “as cores se revelam mais vivas”.

Apesar de ter uma experiência de desenho mais ligada aos espaços, adoptou uma técnica inicialmente desenvolvida para fazer retratos - a sobreposição da mancha –, que implica, como o nome indica, a sobreposição de duas cores para obter uma terceira, “tornando mais fácil apanhar as feições de um retrato”. Neste caso, o arquitecto usa a técnica “para atribuir proporção aos elementos que compõem o espaço e definir a forma das coisas”.

Uma vez que “a arquitectura dos pavilhões tem um papel inegavelmente importante” no evento, Tomás explica que teve sempre a preocupação de “integrar mais do que um pavilhão em cada desenho”, de modo a revelar a relação entre os espaços”. Algo que, diz, faz parte da “essência da Expo”: a “partilha de experiências e de histórias”. A figura humana também está presente em praticamente todos os desenhos: Tomás procurou captar a relação das pessoas com os espaços e, acima de tudo, “o que as pessoas sentem em cada um [deles]”. 

Com o caderno “que leva para todo o lado” e um pincel recarregável que, por si só, permite fazer uma grande variedade de efeitos, o arquitecto foi interagindo com as pessoas que o iam abordando. “Diziam de onde vinham, o que faziam, qual era o pretexto que tinham para desenhar ou o porquê de não desenharem, por exemplo”, recorda. 

O começo das reportagens desenhadas foi “uma extensão natural do gosto pelo desenho”. O passo seguinte, conta, foi aperceber-se das histórias geradas pelo conjunto dos desenhos - “aí estamos perante um caderno de viagens”. A partir de então, começou a ter um caderno sempre presente, “da mesma forma que um fotógrafo leva sempre consigo uma máquina fotográfica”.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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