Allan Dwan e as mil e uma aventuras de um pioneiro de Hollywood
Um pioneiro, um primitivo, um clássico. Mas igualmente um moderno. Já começou, e prolonga-se por Janeiro 2022, a monumental retrospectiva da obra de Allan Dwan.
O que significa ainda hoje no cinema americano o tão propalado classicismo que depois de D. W. Griffith lhe ter estabelecido as regras nas primeiras décadas de Hollywood se tornou chavão para o cinema de Henry King ou William Wyler, George Cukor ou Leo McCarey? Ainda agora na estreia de Cry Macho se voltou a falar de Clint Eastwood como o último dos clássicos e o seu instinto, rapidez de execução, invisibilidade de estilo e emoção foram amplamente vistos como os últimos pregos no caixão desse modo de fazer antigo e, segundo muitos, prático. E o que significaram os temperamentais Nicholas Ray ou Elia Kazan, Samuel Fuller ou Sam Peckinpah, homens que dentro do sistema não aguentaram as suas bordas e regras e o fizeram implodir e estilhaçar interna e externamente, muitos deles ganhando fama de fora-da-lei? Pondo de parte Eastwood, que cresceu na Grande Depressão e atravessou todas as convulsões da indústria, que sentido faz ainda hoje rotularmos de clássico um cineasta que de quando em quando utiliza com intensidade as vantagens do campo/contracampo, a velha escala de planos que vai permitir uma aproximação e revelação lenta ao grande plano e aos olhos como espelho da alma na envolvência do homem com o meio e a natureza e, logo, a tal câmara à altura do homem e dos sentimentos?
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