O “artista acidental” que chegou a pintar com mercurocromo
Internado num tempo em que a terapia ocupacional não era opção, o agricultor beirão desenhava para encher o tempo. Os médicos nunca atribuíram aos seus desenhos qualquer relevância. Na povoação de onde foi trazido, ainda há quem se lembre de ele ser “o tolo da aldeia” que um dia quase bateu no padre.
A primeira vez que Jaime Fernandes quis mostrar ao médico do hospital uns desenhos que andava a fazer, este anotou nas suas observações clínicas: “Não se ocupa”. Dois anos depois, em 1967, os desenhos do doente esquizofrénico em causa, que estava internado há já 29 anos, sobem um pouco de estatuto, o médico regista-os como passatempo: “Entretém-se a fazer desenhos.”
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