Inverteu-se uma tendência que se mantinha desde 2014: o risco de os jovens recém-licenciados ficarem desempregados aumentou 1,6 pontos percentuais em 2020, fixando-se agora nos 5,3%. A conclusão é da Brighter Future, a plataforma gratuita da Fundação José Neves, que refere também que Matemática e Estatística, Saúde, Serviços de Segurança e Ciências da Vida são as áreas de formação com mais hipóteses de emprego imediato após a licenciatura.
O estudo mostra ainda que o risco de desemprego, apesar de ter aumentado para todos os tipos de ensino, foi especialmente significativo no ensino privado politécnico e universitário, com variações de 1,8 pontos percentuais e 2,1, respectivamente — mantendo assim o ensino superior privado como o tipo de ensino com maior risco de desemprego em 2020, fixando-se agora nos 6,3%. “O ensino superior público politécnico ocupa a segunda posição, com risco de desemprego de 5,7%”, lê-se no relatório. No caso do ensino superior público universitário, a taxa é de 4,6%.
São os recém-licenciados da Área Metropolitana de Lisboa os que enfrentam menor risco de desemprego, apesar de esta região, juntamente com o Algarve, ter registado o maior aumento: dois pontos percentuais e 3,3, respectivamente. “No Algarve, 6,7% dos estudantes que terminaram a licenciatura estavam inscritos como desempregados no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).” O Norte ocupa a segunda posição de maior risco de desemprego, com cerca de 6,2% dos recém-licenciados sem emprego.
Num ano marcado pela pandemia, a transição para o mercado de trabalho tornou-se mais difícil, mas manteve-se, ainda assim, mais fácil para quem termina o ensino superior. E, dentro deste grupo, há cursos com mais propensão para o desemprego, como Serviços Sociais (9,8%), Serviços Pessoais (8,9%) e Informação e Jornalismo (8,4%). Neste grupo, destaca-se a área de Serviços Pessoais, em que se inserem os cursos de Desporto e Turismo: foram estes que sofreram o maior tombo, de 3,8%, em 2019, para 8,9%, em 2020. A explicação pode residir nas medidas de restrição da pandemia que fizeram diminuir as interacções sociais.
Pelo contrário, há áreas em que o risco de desemprego foi inferior a 2,5%. São elas: Matemática e Estatística (1,8%), Saúde (2,1%), Serviços de Segurança (2,2%), Ciências da Vida (2,4%), com destaque para a área da Saúde, que sofreu o menor aumento de risco de desemprego, também graças à pandemia.