Vulcão nas Canárias com períodos mais explosivos já devastou 240 hectares

A coluna de gases que sai do vulcão atinge até 4500 metros de altura, mas os valores de dióxido de enxofre indicam que a qualidade do ar é boa e que a ocorrência de chuva ácida está excluída.

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Casa escapa incólume à torrente de lava do vulcão POOL New/Reuters
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Polícia bloqueia uma estrada em Tacande, em La Palma, Espanha REUTERS/Borja Suarez
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Casa arde devido à acção da lava da erupção vulcânica no parque nacional de Cumbre Vieja, em Los Llanos de Aridane, na ilha de La Palma REUTERS/Borja Suarez
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Casa arde devido à acção da lava da erupção vulcânica no parque nacional de Cumbre Vieja, em Los Llanos de Aridane, na ilha de La Palma REUTERS/Borja Suarez

O vulcão Cumbre Vieja, na ilha de La Palma (Canárias) mantém-se activo, apresentando períodos mais explosivos e tendo já devastado cerca de 240 hectares de terrenos num perímetro de cerca de 16 quilómetros.

Dados também fornecidos esta sexta-feira pelo Departamento de Segurança Nacional (DSN) espanhol mostram que a coluna de gases que sai do vulcão atinge até 4500 metros de altura.

Dois fluxos de lava permanecem activos: o mais setentrional está quase parado e tem uma altura máxima de 12 metros, enquanto a frente sul continua a avançar de quatro a cinco quilómetros por hora com uma altura de 10 metros.

O fluxo de lava tem um comprimento de 3800 metros e está a 2100 metros da costa.

Por seu lado, o sistema europeu de satélites Copernicus, que tem acompanhado a evolução da erupção desde o seu início, também actualizou os seus dados e relatórios que indicavam, na quinta-feira ao fim da tarde, que a lava já tinha coberto 180 hectares (14 novos hectares nas 11 horas anteriores).

A lava tinha também destruído 390 edifícios (mais 40 do que no dia anterior) e 14 quilómetros de estradas.

Em relação à qualidade do ar, o DSN, citado pela agência espanhola Efe, indica que, de acordo com os dados meteorológicos, está excluída a queda de chuva ácida durante as próximas 24 horas e acrescenta que “se ocorresse, não causaria efeitos significativos, uma vez que é um acontecimento pontual não persistente”.

Na mesma linha, o serviço de protecção civil das Canárias insiste que “os valores de dióxido de enxofre indicam que a qualidade do ar é boa e que a chuva ácida está excluída”.

O relatório do DSN acrescenta que na quinta-feira a acção do vento à superfície provocou deslocações de ar que provocaram alguns atrasos nas partidas ou chegadas de alguns voos entre Tenerife (a maior das ilhas do arquipélago) e La Palma.

O organismo que faz a gestão do espaço aéreo em Espanha (Enaire) recordou, há algumas horas, nas suas redes sociais, que “o espaço aéreo das ilhas Canárias está a funcionar normalmente”.

Por outro lado, mantém-se o perímetro no mar, estabelecido pela capitania marítima até 2 milhas da costa, entre Puerto Naos e Tazacorte, dois municípios da ilha de La Palma.

Ramon de la Rocha/Pool via REUTERS
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O governo regional das Canárias realiza esta sexta-feira uma reunião extraordinária, com a presença do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, na qual planeia aprovar a ajuda às pessoas afectadas pela situação.

O vulcão Cumbre Vieja está activo e a expelir lava desde domingo passado e apesar desta situação não houve mortos ou feridos a lamentar entre os 85.000 habitantes da ilha, mas os danos são enormes, acima de 400 milhões de euros, segundo as autoridades regionais.

Portugal não corre riscos de inalação tóxica

A nuvem de gases expelida pelo vulcão é esperada na península ibérica esta sexta-feira, mas não deverá apresentar grande risco para a população portuguesa. Como já tinha defendido ao PÚBLICO anteriormente o vulcanólogo José Pacheco, os elementos presentes na nuvem deverão dissolver-se e ficar menos concentrados à chegada a Portugal. “Depende da concentração, da exposição e da proximidade. Diria que Portugal corre riscos? Não. Mas quem está lá em cima perto do vulcão tem maior risco”, concorda o pneumologista Filipe Froes.

O coordenador da comissão de trabalho de Infecciologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia explica que o conjunto de partículas e gases que a nuvem transporta pode ter um efeito tóxico imediato ou mais tardio, “em termos de exacerbação ou progressão de doenças respiratórias, nomeadamente em situações de patologia crónica das vias aéreas”.

Por isso, adverte que o ideal é prevenir e recorrer a equipamento respiratório de filtragem em locais muito próximos destas nuvens. “A inalação de substâncias tóxicas não é boa para ninguém”, mas é particularmente mais prejudicial para populações de risco, como “as crianças que estão em desenvolvimento do seu aparelho respiratório, os idosos que têm diminuição das defesas, e as pessoas com patologia respiratória prévia”.