Arquitectura
No Pico, a Adega do Fogo convida-nos a viajar pela história de uma destilaria
Embebida em herança cultural, a Adega do Fogo encontra-se na zona do Cabrito, exposta no meio da Paisagem da Cultura da Vinha da ilha do Pico, nos Açores. Embora a sua história continue envolta em mistério, o edifício seria uma antiga destilaria, construída em 1820 por um padre.
Em “elevado estado de degradação”, a reabilitação do mesmo consistiu em “manter as suas características e tradição”, conta Diogo Mega, o arquitecto responsável pelo projecto, ao P3. Apesar de ter sofrido alterações, “manteve-se a estrutura inicial” do edifício, recuperando-se as vigas do tecto, o chão de madeira e as pedras “originais e vulcânicas” de toda a estrutura do exterior e interior.
Em contraste com o mobiliário de madeira de castanho maciça, o negro das pedras recorta as paredes brancas para nos convidar a “uma contemplação e a uma viagem no tempo” pela história da antiga destilaria. Em relação ao exterior da propriedade, o vermelho da caixilharia e das portas, noutros tempos de outras cores, contrasta com toda a paisagem. Em frente à piscina, projectada com vista para a montanha e não para o mar, numa pequena “homenagem ao Pico”, os poucos currais (estruturas de pedra construídas para proteger as vinhas do ambiente marítimo) existentes e “característicos da região” acabaram por ser recuperados.
A Adega de Fogo — aqui retratada pela lente de Francisco Nogueira — funciona como uma casa de férias, sendo composta pelas habituais zonas de estar e refeição, uma sauna e uma destilaria, cujo objectivo é “voltar a produzir água ardente”, conta Diogo. É uma propriedade com 4500 metros quadrados e a proposta de reabilitação teve como propósito conservar a natureza e salvaguardar o património histórico e cultural do edifício, localizado num dos sítios classificados pela UNESCO em 2004.
Texto editado por Ana Maria Henriques