A Braga que conheci há oito anos não é a mesma – e ainda bem
Há mais gente nas ruas, há novos restaurantes com aromas de diferentes culturas e sabores de outros países, vão-se ouvindo diferentes línguas e sotaques, os ritmos e as melodias das músicas são distintos, mas complementam-se. Há outra vida. Aliás, há mais vida.
Braga cresceu e isso é notório. Aliás, sou uma das pessoas que, nestes últimos Censos, fez o número de residentes aumentar. Lembro-me de chegar à Universidade do Minho, em 2013, e a cidade que conheci não é a mesma onde vivo agora. Não que tenha abdicado das suas características, da sua identidade e da sua história – pelo contrário – aprendeu a valorizá-las.
Passamos de uma cidade com reduzidos espaços verdes, para uma cidade onde eles começam a despontar e podemos realizar caminhadas ou brincar com as crianças nos parques. Há espaços para diferentes modalidades desportivas e estes ganharam cor, porque a arte – destaco a arte urbana – passou a fazer parte do desporto, dando-lhe cor e vida. Está presente em vários campos desportivos e não fica presa nas quatro linhas, expande-se pelas paredes da cidade.
Há mais gente nas ruas, há novos restaurantes com aromas de diferentes culturas e sabores de outros países, vão-se ouvindo diferentes línguas e sotaques, os ritmos e as melodias das músicas são distintos, mas complementam-se. Há outra vida. Aliás, há mais vida.
Nascer numa cidade mais pequena fez-me aprender a valorizar a oportunidade que as crianças e jovens têm em viver cá. Há várias escolas, ir ao cinema e ao teatro é algo que podem fazer a qualquer dia da semana, podem passear pelo centro da cidade em segurança e regressar a casa através de transportes públicos. Há mais variedade de empregos e se escolherem ir para a universidade, não precisam de se mudar de malas e bagagens para outra cidade, tudo o que precisam está cá. Mas, às vezes, na correria do dia-a-dia, nem nos apercebemos da sorte que temos.
Vivo a dez minutos a pé do meu local de trabalho. Passa um autocarro na minha rua que me deixaria lá em apenas dois minutos, ou até poderia ir de trotinete eléctrica – opções não me faltam, só não o faço por escolha. Mas este é um privilégio de quem vive próximo do centro da cidade. Sei bem que não é assim para todos os bracarenses. O ritmo de crescimento da minha freguesia não é o mesmo das freguesias mais periféricas e, nesse aspecto, Braga tem crescido a diferentes ritmos.
Este crescimento vem de mãos dadas com um conjunto de consequências que são bem claras e evidentes – o aumento do trânsito e do preço das rendas, a necessidade de criar mais e melhores condições de trabalho. Isto lembra-nos que é importante crescer, mas importa também crescer com qualidade. Este crescimento não pode ser desmedido e insustentável a médio/longo prazo. Tem que ser um crescimento coeso e consistente, precisa de atrair e fixar.
Braga precisa de contar a sua história, partilhar a sua arte, dar a provar a sua gastronomia, mostrar as suas paisagens. Contudo, não pode mostrá-las apenas aos turistas, os bracarenses também têm que ter a oportunidade de conhecer e provar o melhor que a cidade tem. Nós, que cá estamos durante todo o ano, devemos usufruir desse privilégio. A verdade é que não há ninguém que o queira tanto como nós que cá estamos. Não há ninguém que tenha tanto orgulho neste crescimento. Somos os primeiros a dizer em tom orgulhoso: “Eu sou de Braga!”.
A Braga que conheci há oito anos não é a mesma – e ainda bem. Espero daqui a oito anos terminar esta frase da mesma forma.