Exposição
“Queres que te faça um desenho?” A Universidade do Porto expõe o que a academia desenhou
É o desenho “em sentido lato, não é o desenho de arte”. Assim define Mário Bismarck, professor da Faculdade de Belas Artes (FBAUP) , a exposição Ver, querer ver, dar a ver/ Desenhar entre fronteiras na Universidade do Porto, patente no edifício da Reitoria da Universidade do Porto até 25 de Setembro. “É o desenho nas suas diferentes formas”, desde as anotações, aos gráficos, esquemas, desenho técnico, ilustração científica, entre outros. “Tudo isso [é representado] no uso que é dado por estudantes, professores e investigadores” no desempenhar das suas actividades, conta o curador ao P3.
Directamente das faculdades de Arquitectura, Engenharia, Letras, Desporto e Ciências, bem como do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, cada desenho é diferente e característico da área de onde provém. Os gráficos de cartografia, as ilustrações de espécies do mundo animal e as planificações de edifícios têm em comum o facto de serem “o meio de tornar as coisas visualmente claras” quando estas são de difícil compreensão. Mesmo ao modo da expressão “queres que te faça um desenho?”, explica Mário Bismarck. “Nesse sentido é utilizado nas faculdades e na aprendizagem como um meio para visualizar informação complexa de uma maneira que é mais clara, mais acessível, mais ordenada”, acrescenta.
Num momento em que “cada vez mais se trabalha com imagens”, e pensando o desenho não como uma ferramenta artística, mas como um “modo de as construir”, os curadores da exposição observam que, de forma progressiva, “as pessoas, os estudantes, a própria cultura, se têm vindo a distanciar desse meio que é o desenho”. Geralmente substituído pela fotografia nos dias de hoje, Mário Bismarck afirma que o desenho continua a ser “o meio mais simples de produzir imagens”, o que pode ser muito útil no adquirir de novos conhecimentos.
Contando com mais de 250 desenhos, a exposição divide-se por capítulos e não por universidades: Desenhar o que existe, que consiste em “desenhos que têm a ver com o real”, desde cidades a células; Desenhar o que ainda não existe, onde a técnica é usada “para visualizar aquilo que vai existir”, como é o caso das projecções arquitectónicas; Desenhar o que já existiu, “que fundamentalmente abarca desenhos de Arqueologia” em representação de realidades que estão extintas; e Desenhar o que nunca existiu, “modos de visualização que não têm a ver com as representações directas do mundo”, como esquemas, gráficos ou hipóteses.
Com o objectivo de provar que “o desenho existe, funciona e ocupa um espaço insubstituível como instrumento pedagógico para transmitir o conhecimento e para produzir conhecimento”, explica Mário Bismarck, a exposição tem entrada livre e pode ser visitada durante a semana, entre as 10h e as 17h30, e aos sábados, das 15h às 18h, até 25 de Setembro, no Porto.
Texto editado por Ana Maria Henriques