Numa época difícil para as artes, há uma nova parceria que promete projectos para breve
Vhils, Underdogs e Festival Iminente preparam novas iniciativas para a cidade de Lisboa. Hoje é já lançado um mini documentário de contextualização da cultura urbana.
Esta tem sido uma época particularmente difícil para a cultura. De espaços fechados a lotações reduzidas, o sector foi vendo organizações extinguirem-se e trabalhadores sem emprego ou vencimento. Com a perspectiva da aproximação de melhores tempos, diversos nomes da área — Vhils, Underdogs e Festival Iminente — unem-se agora numa parceria, com o apoio da Mini, do grupo BMW, que promete novos projectos para a cidade de Lisboa.
“A grande intenção desta parceria é desenvolver uma série de projectos artísticos em conjunto”, contextualiza Carla Cardoso, directora do Festival Iminente, ao PÚBLICO. “O que achamos é que as quatro entidades juntas vão poder ir mais longe, até num ano particularmente especial para os agentes culturais e para todos nós, o que nos permite olhar com um sorriso para estes próximos projectos”, justifica a responsável pelo festival no evento de apresentação da nova colaboração.
Esta segunda-feira é já lançado um curto filme, fruto desta parceria, “uma espécie de mini documentário sobre a história da cultura urbana e a sua contextualização”, revela Carla Cardoso. O tema não é escolhido ao acaso. Vhils Studio, Underdogs e Festival Iminente são conhecidos pelo seu trabalho no espaço público, que, nos últimos anos, tem inclusivamente elevado a arte urbana ao nível das restantes expressões artísticas.
De futuro, resultante desta união, também é esperada a adição de uma nova área cultural ao Festival Iminente: o cinema. Este representará igualmente um elogio ao espírito e cultura citadinos, através do seu estilo drive-in, em que as pessoas assistirão aos filmes a partir dos seus carros. Esta iniciativa estará presente já na edição deste ano do festival, de 23 a 26 de Setembro. Actualmente encontra-se também em andamento a criação de um projecto para o próximo ano.
Apoio à cultura
Carla Cardoso defende a parceria com marcas e que estas invistam na cultura. “Com isto não digo que deva deixar de haver um apoio público à cultura e à arte”, salvaguarda, “mas as marcas participarem nesse processo de construção cultural e artístico é essencial”, acrescentando que “faz parte do seu papel”. Na opinião da responsável, nos dias que correm, as empresas privadas já começam a entender a “importância que a cultura e a arte têm para participarem na comunidade como um todo”.
Particularmente neste período — “um ano tão difícil para os agentes culturais”, sublinha Carla Cardoso —, esta é uma acção de particular relevo, continua. A visão da directora do festival é a de que estes apoios dão força aos agentes culturais, como se lhes dizendo “vamos lá continuar a fazer este trabalho, a fazer projectos, a desenvolver ideias”. Uma atitude fundamental não só pelas oportunidades que traz, mas “até simbolicamente”.
Também Pedro Faria, gestor da Mini, concorda. “Queremos dar o nosso contributo e mostrar às pessoas que a arte também é algo que faz parte do seu quotidiano, nomeadamente a arte em espaço público.” Arte essa que, acredita, tem um papel “no processo transformacional” por que as cidades, nomeadamente Lisboa, têm passado nos últimos anos. Também a situação pandémica que se vive não passa ao lado da marca automóvel. “Sabemos as dificuldades que todos estamos a percorrer, e [queremos] dar visibilidade a estas entidades e projectar aquilo que é o trabalho que fazem quotidianamente”, conclui.
Texto editado por Bárbara Wong