Devias estar lá
Não tenho estado muito atento e por isso não sei se têm falado de ti mas sinto a tua falta neste Europeu. Bem, este vazio até não vem de agora, mas o Fernando Santos não me tem ajudado... Não sabes mas passei a ser teu amigo desde aquele dia. A admiração que eu e os meus amigos temos por ti é tão séria que às vezes vens à baila quando nos juntamos para umas belas jantaradas acompanhadas de jogos da selecção. Dois deles adoptaram agora um gatito e tiveram a grande ideia de lhe dar o teu nome - e não é que o bichano já mostra um bom jogo de pés?
Já o disse meio a sério meio a brincar que devias ser sempre chamado à selecção (acredita que na maior parte das vezes era isso que queria). Deste-nos tanto, que acho sempre pouco o que temos para te dar. Não sei se andamos esquecidos do que fizeste, e o que tu fizeste por nós foi extraordinário.
O Fernando Santos lá terá as suas razões para te deixar de fora, mas a federação já devia ter pensado numa solução. Se o Eusébio foi um enorme embaixador do futebol português sempre ao lado da selecção (assisti a coisas incríveis ao lado do “Pantera Negra"), acho que devias estar lá sempre para dares uma força extra a esta e às próximas gerações de jogadores. Um exemplo daquilo que somos capazes (e que hoje podíamos dar a provar aos alemães…). Devias ter esse lugar reservado. Para mim, ganhaste esse direito.
Ainda hoje me lembro de tudo. Estava como o tal grupo de amigos a ver o jogo numa enorme ansiedade, que aumentou quando o Payet arrumou com maldade o Cristiano Ronaldo. Quando entraste aos 79 minutos, desconfiei da escolha do seleccionador. Achei que estava louco, desculpa. Mas depois veio o minuto 109 e tu pegaste na bola, enfrentaste a arrogância dos franceses e foi uma explosão na sala. A emoção foi tanta que uma das minhas filhas teve de ser levada para fora de casa porque não conseguia respirar. Obrigado, Éder.