O pior cego é quem não quer ver
Ao que para já tudo indica, o vício revolucionário, um vírus inoculado pela Revolução Francesa de 1789, veio para ficar.
Começou a 16 de Abril o 8.º Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC), com generosa cobertura do PÚBLICO. Raúl Castro, com os seus 89 anos, cedeu o lugar a uma geração já filha da revolução cubana finda em 1959. Esta legou-lhe uma missão impossível: realizar o aggiornamento de Cuba. Os herdeiros reuniram-se e ponderaram os activos e os passivos da herança. O momento é dos mais aziagos por que Cuba já passou. Para abrir, pesam décadas de um regime comunista que até 1989, com uma economia totalmente estatizada, sobreviveu na estrita dependência económica da URSS, que lhe comprava o açúcar por um preço acima do praticado no mercado internacional; a queda do Muro de Berlim pôs cobro a este estipêndio pago e recebido a título de fraternidade revolucionária. A partir de 2000, a crescente influência do neoliberalismo, a expansão do capitalismo e o correlativo aceleramento da globalização foram sufocando um pequenino país isolado na balbúrdia do Mundo, inteiramente desprovido de quaisquer habilitações para singrar num planeta que conjugou uma descomunal revolução económica com uma colossal revolução tecnológica. A estas restrições estruturais somaram-se os efeitos da corrente pandemia, tudo resultando numa contracção do PIB em 2020 na ordem dos 11%.
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