Avaliação dos alunos confinados: o drama dos professores
Não podemos, não devemos reger-nos pelas mesmas premissas do ensino presencial; seria antipedagógico ou até desumano. Em tudo aquilo que vivemos, houve tanta coisa que não soubemos, houve tanto sofrimento confinado atrás de um computador que os alunos não conseguiram partilhar connosco...
A dias da habitual avaliação do segundo período, os professores refletem sobre os resultados.
Como professora, também o estou a fazer, juntamente com os meus alunos, numa reflexão conjunta que lhes permita compreender o que fizeram, o que poderiam ter feito e o que devem continuar a fazer.
Sem dúvida que avaliar nestas condições implica uma grande capacidade de compreensão, de flexibilidade, de adaptação, pois o ensino saiu do registo a que todos estávamos habituados.
Não podemos, não devemos reger-nos pelas mesmas premissas do ensino presencial; seria antipedagógico ou até desumano. Em tudo aquilo que vivemos, houve tanta coisa que não soubemos, houve tanto sofrimento confinado atrás de um computador que os alunos não conseguiram partilhar connosco...
Quando me refiro a avaliar de outra forma, não me revejo em facilitismo, mas em tolerância. Os professores deram, sim, o seu melhor. Fizeram tudo o que puderam. Mas, nesse tudo, devem ter em conta que, do lado de lá das câmaras, quantas vezes desligadas por motivos que preferem não revelar, existem alunos, jovens, com fome de vida, enclausurados, a tentarem aprender.
E é nisso que os professores se devem focar: os alunos, aprendendo a colocar-se no lugar do “outro”. Seríamos nós capazes de aprender da mesma forma, apesar de todas as condicionantes do ensino não-presencial? Seríamos nós capazes de controlar o desejo de socializar com os nossos amigos como eles o fizeram?
Foram grandes provas para todos!
Foram desafios que todos tivemos de enfrentar!
Por isso, avaliar deverá ser uma tarefa conjunta: professores e alunos deverão ser, mais do que nunca, conscientes para que, no futuro, retirem aprendizagens para a vida perante aquilo que vivemos.
Afinal, somos todos pessoas, e os professores, tenho a certeza, desejam é que os seus alunos sejam felizes.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico