A 2 de Março, um marinheiro tailandês de 23 anos chamado Thatsaphon Saii mergulhou no mar de Andaman para salvar quatro gatos magrinhos e ruivos, abandonados num barco de pesca que incendiou e virou.
Uma fotografia mostra Saii a voltar para o seu barco a nado com um gato cor de laranja molhado agarrado aos seus ombros. Outra mostra uma equipa de marinheiros tailandeses a dar de comer aos gatinhos, depois de os secarem e procurarem por feridas. A história e as fotografias tornaram-se virais, encantando pessoas por todo o mundo.
Os gatos têm uma longa história como membros da equipa em barcos, incluindo navios. No Antigo Egipto, levavam-nos nos barcos para controlar infestações de ratos e ratazanas. Marinheiros irlandeses e britânicos costumavam acreditar que ter um gato preto a bordo assegurava boa sorte na viagem. E há gatos que ganharam reconhecimento pelas suas aventuras em determinados navios.
Aqui ficam os cinco mais notáveis:
Trim
Nascido em 1799, Trim era um gato preto e branco que viajava no HMS Investigator, enquanto o capitão Matthew Flinders mapeava a costa da Austrália. Durante as refeições, Trim roubava comida dos garfos dos marinheiros. Quando Flinders parou na Ilha Maurícia para arranjar o Investigator, oficiais franceses acusaram-no de espiar e prenderam-no em prisão domiciliária durante seis anos. Trim ficou com ele até 1804, altura em que desapareceu misteriosamente e nunca mais voltou.
Blackie
Durante a Segunda Guerra Mundial, Blackie — um gato preto com patas brancas — viajou a bordo do HMS Prince of Wales como o gato do navio. O primeiro ministro britânico Winston Churchill era outro passageiro. Em Agosto de 1941, Churchill estava prestes a sair do barco para conhecer o presidente Franklin Roosevelt, quando Blackie se aproximou. O primeiro-ministro baixou-se para lhe fazer uma festinha e os fotógrafos captaram o momento. A foto apareceu em jornais por todo o mundo.
Mrs. Chippy
Não deixem que o nome, Mrs. Chippy, vos engane. Este gato malhado com riscas de tigre era um macho que viveu no Endurance, o navio que o explorador Ernest Shackleton levou rumo à Antárctida. O gato pertencia ao carpinteiro do navio — “chippy” é um termo usado na gíria para “carpinteiro”. Mrs. Chippy gostava de trepar o massame, independentemente do tempo, e uma vez caiu do barco. Um oficial virou o barco do avesso, e o biólogo tirou o gato do oceano com uma rede.
Simon
Em 1949, Simon viajava a bordo do HMS Amethyst quando o navio britânico foi atacado no rio Yangtze, na China. Dezassete membros da tripulação morreram. Simon e dez marinheiros ficaram feridos. O navio ficou encalhado na lama por quase dez semanas, enquanto os dois governos negociavam. Simon protegeu o cada vez menor abastecimento de comida ao lutar com ratazanas agressivas. Depois de a tripulação ter feito uma arriscada fuga a meio da noite, a equipa e Simon tornaram-se heróis. O grupo britânico de protecção de animais People’s Dispensary for Sick Animals presenteou-o com a Medalha Dickin, a mais alta atribuída a animais que demonstram bravura em combates. É o único gato que recebeu uma. Quando morreu, Simon foi enterrado com direito a honras navais.
Oscar/Unsinkable Sam
Quando o navio de guerra alemão Bismarck afundou na Segunda Guerra Mundial, os marinheiros britânicos do HMS Cossack descobriram um gato preto e branco a flutuar. Resgataram-no e chamaram-lhe Oscar. Depois, o seu navio foi torpedeado. Oscar sobreviveu, e os oficiais da marinha britânica rebaptizaram-no Unsinkable Sam. Instalaram-no no HMS Ark Royal. Quando também esse navio foi torpedeado, os marinheiros voltaram a salvá-lo de um barco à deriva. O governador de Gibraltar adoptou Sam e depois levou-o para um abrigo britânico para marinheiros.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post