Igor criou um site para celebrar os cartazes do cinema português
O portal Cartaz de Cinema Português, desenvolvido pelo designer gráfico Igor Ramos, homenageia cartazes, da década de 1960 à actualidade, de filmes portugueses. A intenção é divulgar os melhores cartazes do cinema nacional, celebrando o contributo dos designers e ilustradores.
O tempo de vida de um poster nas salas de cinema é curto e com o tempo desaparece, não só fisicamente, mas até da memória. Para Igor Ramos, designer gráfico e aluno de doutoramento em Design na Universidade de Aveiro, o portal Cartaz de Cinema Português é “uma tentativa de recolher e juntar num só sítio estes cartazes que andam muitas vezes dispersos”. “É um projecto sobre a cultura visual do cinema português”, conclui o estudante em entrevista ao P3, descrevendo o site que criou no âmbito do seu doutoramento.
Para o jovem de 29 anos, investigador do ID+ Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura, era importante que a sua tese, que se prepara para defender, não ficasse, como muitas outras investigações, “confinada às paredes da Academia”.
Criou assim esta plataforma com o objectivo de “dar maior visibilidade” aos cartazes do cinema nacional e à sua história, ao longo dos séculos XX e XXI. Até porque concluiu que não existia “um esforço de fazer uma curadoria, de seleccionar” os filmes “visualmente mais dinâmicos e de os apresentar num mesmo espaço”, com alguma informação de contexto, nomeadamente “dados relativos à autoria e catalogação” dos cartazes e algumas “considerações acerca do design e da ligação que estabelecem com os filmes”. Uma “lacuna com várias décadas” que tentou assim colmatar.
“Mais do que mostrar” os cartazes, Igor também se interessa por “saber quem os fez e como é que os fez”, bem como compreender a relação dos designers com os filmes. É com essa preocupação que o Cartaz de Cinema Português também apresenta entrevistas com designers gráficos responsáveis pela criação de cartazes de filmes nacionais.
“Geralmente, pode-se saber quem fez o cartaz, mas não se sabem estas histórias de como é que o designer comunicou com o realizador, de qual era a ideia inerente ao cartaz, qual a interpretação que fez do filme, com que ferramentas trabalha… no fundo são tudo histórias que eu sinto que só os designers poderiam contar”, conta Igor Ramos. Na primeira temporada são entrevistados Ana Teresa Ascensão, Catarina Sampaio, José Brandão, João Botelho e ilhas studio.
Para Igor, o site "não precisa de ficar circunscrito a cinéfilos ou a entendedores ou críticos de design”, até porque o conteúdo é bastante visual e abrangente. Já estão disponíveis 12 cartazes, de filmes como Aquele Querido Mês de Agosto ou Cidade Pequena, sendo que todas as semanas é adicionado um novo – uma tentativa de os preservar digitalmente para “contribuir para uma maior valorização do seu papel enquanto pilares da identidade gráfica do filme”.
Texto editado por Amanda Ribeiro