Três anos depois de escolhido o local, já há projecto para a escola-hotel de Guimarães
A escola de hotelaria e turismo do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) vai-se repartir pela Casa do Costeado, que vai ser requalificada, e por um novo edifício em madeira, concebido a pensar na sustentabilidade ambiental. Obra pode arrancar neste ano e não vai custar menos de cinco milhões de euros, diz presidente da Câmara
Mais de três anos depois da Câmara Municipal de Guimarães ter adquirido a Casa do Costeado por 1,1 milhões de euros, já se conhece o aspecto da futura Escola Superior de Turismo e Hotelaria destinada para o local, uma zona de traços rurais em plena malha urbana de Guimarães, cercada pela circular rodoviária, pelo centro comercial Guimarães Shopping e pela zona habitacional da Cruz de Pedra.
Apresentado nesta segunda-feira, durante a reunião do executivo municipal, o projecto associado ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) contempla a requalificação da antiga casa, cuja arquitectura remete para a transição entre os séculos XVIII e XIX, e de um novo edifício de 4.500 metros quadrados, concebido em madeira lamelada, com uma cobertura ajardinada, que visa deixar uma menor pegada ecológica face a técnicas de construção assentes no ferro ou no betão, lê-se na memória descritiva consultada pelo PÚBLICO. “O edifício não tem grandes luxos e grandes acabamentos. É um edifício muito simples, confortável e sustentável”, realçou o arquitecto Filipe Vilas Boas, da empresa Workbook, à qual o projecto foi adjudicado, por cerca de 300 mil euros, segundo o que consta no portal Base.gov.
O edifício contemporâneo, com dois pisos, será a escola propriamente dita, com salas de aula, laboratórios de cozinha, biblioteca e um auditório, estando previsto um novo acesso rodoviário que a ligue à rotunda do pavilhão multiusos da cidade, já fora da circular urbana. Já a Casa do Costeado vai acolher um hotel com seis quartos, destinado a hóspedes envolvidos nas actividades da escola, e um restaurante no piso térreo, com a cozinha desse restaurante e ficar no edifício das cavalariças, que é contíguo à casa e vai também ser reabilitado, esclareceu o outro arquitecto envolvido no projecto, Pedro Vinagreiro. “Na reabilitação, serão salvaguardadas as suas características arquitectónicas e patrimoniais”, adiantou.
A solução prevê ainda a requalificação dos jardins em redor da casa, onde sobressaem as camélias, as magnólias, os carvalhos e os buxos, a requalificação da rua do Moinho Velho, contígua àquela área, e a criação de um acesso para cargas e descargas a partir do centro comercial. Para Filipe Vilas Boas, este projecto contribui para cimentar a “continuidade” entre o centro histórico vimaranense, Património Mundial da Humanidade desde 2001, e a zona ocidental da cidade.
Potencial para 1500 alunos
O presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, realçou a atenção do projecto à sustentabilidade ambiental, bem como à expansão da cidade, e adiantou que a obra deve ser lançada a concurso em Fevereiro, mês em que os projectos de engenharia devem estar concluídos. “A minha vontade é lançar a obra a concurso em Fevereiro. Se tudo correr normalmente, começaremos a obra ainda este ano”, disse. Quanto ao custo, nunca será inferior a cinco milhões de euros, mesmo não havendo ainda estimativas, acrescentou.
Já a presidente do instituto com polos em Barcelos, Braga e Famalicão, além de Guimarães, defendeu que a escola quer ser uma “referência internacional”. A previsão é que receba 500 alunos mal esteja pronta, com um potencial de aumento para os 1500 estudantes. Os números avançados por Maria José Fernandes agradaram a um dos vereadores da oposição, o social-democrata André Coelho Lima, que disse querer ver a escola-hotel contribuir para a afirmação turística de Guimarães, além do papel que terá na reabilitação urbana.