Natal de 2020: tempo de viver as tradições pela alimentação

A alimentação assume uma conotação emocional importante, sendo que grande parte da mesma está associada às memórias fundadas pelos nossos antepassados à volta de momento felizes como o Natal e outras épocas festivas.

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"Vamos aproveitar estes momentos, na cozinha, para passar o legado e transmitir aos nossos filhos as memórias" Daniel Rocha

O ano de 2020 foi um ano atípico que nos afastou das rotinas de décadas e nos impôs medidas de distanciamento físico, que contrariam a nossa natureza e cultura latina de afectividade e proximidade. Estamos todos carentes de afectos e abraços e do convívio social que nos enche a vida e nos dá alento. Particularmente nesta época festiva em que habitualmente nos juntamos aqueles que nos são mais queridos em que os abraços longos compensavam em minutos as distâncias de meses, Este ano até isso nos está vedado.

Contudo, Natal é Natal!

A alimentação assume uma conotação emocional importante, sendo que grande parte da mesma está associada às memórias fundadas pelos nossos antepassados à volta de momento felizes como o Natal e outras épocas festivas.

Os princípios da dieta mediterrânica propõem, entre outros, a frugalidade dos hábitos e o consumo de vinho, doces e bolos em ocasiões festivas.

Assim, neste Natal esqueçamos as calorias, as dietas e outras restrições e, aproveitemos a oportunidade de honrar as memórias e através da alimentação e dos ensinamentos que ela nos transmite, fazer presentes os ausentes.

Vamos ser criativos e saudosos, preparar o prato da família! É importante que seja só um para que não sobrem grandes quantidades de comida, e rapidamente transformemos o Natal em vários Natais. Preparemos também a sobremesa! Aquela que traz à mesa os nossos pais e avós, que a preparavam de forma exímia. Esta é a oportunidade para demonstrar como os ensinamentos, tão nossos, tão mediterrânicos, passaram de geração em geração.

Vamos aproveitar estes momentos, na cozinha, para passar o legado e transmitir aos nossos filhos as memórias dos que, por fruto da pandemia, se encontram ausentes – fazendo-os presentes. Este pode ser igualmente um momento de partilha do receituário familiar.

E à mesa vamos desfrutar da sã convivência com o pequeno núcleo familiar, tantas vezes dificultada pela correria do dia-a-dia. Saborear os alimentos preparados entremeados com as histórias da família, em quantidades justas, mas sem culpas. Afinal, é Natal, e se não transformarmos este dia, numa repetição de dias mais abundantes no que à alimentação diz respeito, nada que uma caminhada em família não venha a equilibrar.

Mais importante que a troca de presentes, este ano, procuremos fazer-nos presentes, não esquecendo a utilização dos meios telemáticos disponíveis para aconchegar o coração dos que ficaram mais longe.

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