Enfermeiros Especialistas e SNS: uma fórmula de sucesso
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) fez 40 anos. É agora um adulto jovem, com a qualificação e a experiência suficiente para o sucesso. A Enfermagem no quadro da robustez científica é quase centenária e enquanto profissão que alicerça os cuidados de saúde, além dos cuidados de doença, é milenar e nesse sentido quando o SNS iniciou os primeiros passos já a Enfermagem estava com um nível de desenvolvimento capaz de contribuir de forma significativa para ajudar ao seu crescimento.
A Enfermagem quase que pode assumir uma figura parental no contexto do SNS, alimentando-o, dando-lhe apoio nos primeiros passos para não se desequilibrar e acompanhando-o agora no seu processo de emancipação no contexto global, pela referencia que se tornou nos Serviços de Saúde mundiais. Podemos afirmar que é uma figura parental orgulhosa deste seu filho.
Pode parecer presunção considerar que a Enfermagem é figura parental do SNS, mas de facto ela foi um dos alicerces, em Portugal, para o seu desenvolvimento. A existência, por exemplo, das brigadas de educação sanitária de Coimbra, assim como os grupos de enfermeiras visitadoras das Santa Casa da Misericórdia do Porto e Lisboa (nas décadas de 30 a 50 do século XX), foram importantes contributos para entender a mensagem de Alma Ata (no ano anterior ao nascimento do SNS), mostrando que Portugal já tinha cuidados de proximidade robustos. Os Centros de Saúde de primeira geração (já em 1971, mas 8 anos antes do SNS) com o contributo basilar das enfermeiras que garantiam a assistência na doença pelos Serviços Médico-Sociais das Caixas de Previdência, mas também aquelas, nomeadamente das áreas especializadas de Saúde Pública, Saúde Materna e Obstétrica e na altura puericultura (agora Saúde Infantil e Pediátrica), ofereciam nos serviços de promoção da Saúde, quer da dependência do Ministério da Saúde, que até do Ministério da Educação, como era o caso das enfermeiras de saúde escolar nos Centros de Medicina Pedagógica.
Nasce então o SNS, também nas mãos desta Enfermagem, e a Enfermagem especializada que foi também ela evoluindo ao nível do ensino, da investigação e da profissionalização encontra hoje neste também seu filho SNS, oportunidades de o continuar a alimentar com cuidados de excelência, quer nos Cuidados de Saúde Primários, quer nos cuidados diferenciados e mesmo no âmbito dos acordos com os domínios sociais dos cuidados onde a saúde e particularmente a Enfermagem especializada têm um peso grande.
A grande questão que surge no atual momento é se o SNS, agora adulto, saberá reconhecer o valor ímpar desta sua figura parental, como contributo essencial para o seu desenvolvimento? É saber se vai entender que tal como há 40 anos, deve apoiar-se na Enfermagem Especializada para garantir que os próximos 40 anos sejam dotados do mesmo nível de condições de desenvolvimento e se por isso, agora adulto, vai ele próprio apoiar a Enfermagem, carente também ela do seu apoio, para se apoiarem mutuamente? Vamos procurar respostas no Fórum de Especialidades de Enfermagem no próximo dia 17 de dezembro da Universidade Católica Portuguesa, Escola de Enfermagem (Porto).