Começou ainda nos anos 40 e viria a encerrar uma filmografia opulenta na condução para norte das memórias de Manoel de Oliveira, em Viagem ao Princípio do Mundo (1997). Podemos reencontrar Marcello Mastroianni nas salas por estes dias, a orientar-nos num mundo em mudança, na Roma de Fellini, em La Dolce Vita (1961), mas os que me estão na cabeça são outros três, do mesmo período. Il bell’Antonio (1960) é um dos filmes resultantes da parceria de Mauro Bolognini com Pasolini, cúmplices de vários encontros nos subúrbios de Roma, que Pasolini condensaria no salto de guionista para realizador em Accattone (1961), onde as mulheres podiam ser mães, putas e santas. Mastroianni é, então, o galã António, que regressa a Catânia depois de coleccionar em Roma a fama de mulherengo com investidas em gabinetes de ministros. Adorado pelas mulheres e invejado pelos homens, acede ao casamento com o anjo Cardinale, mas não concretiza e o mundo desaba, num jogo entre um Don Giovanni impotente e uma Sicília conformista. É uma adaptação a partir de Vitaliano Brancati, fica-se com vontade de procurar o romance.
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