Covid-19 em Portugal: internamentos voltam a aumentar, mas 65% de todos os infectados já recuperaram
Número de internados é o maior de sempre. Há 78.641 casos activos no país, mais 1515 do que na terça-feira.
Portugal regista mais 79 óbitos por covid-19 e 5891 casos de infecção, segundo dados divulgados no boletim epidemiológico diário da Direcção-Geral da Saúde (DGS). O boletim desta quarta-feira indica ainda que os internamentos voltaram a aumentar, para o máximo de sempre.
A ministra da Saúde, Marta Temido reiterou, esta quarta-feira, na conferência de imprensa, que uma média de 5 mil casos ou até um número superior terá efeitos “nefastos” para o país. “Há muitos artigos a referir as sequelas em doentes covid-19 mesmo quando a doença é ligeira ou assintomática. A melhor forma é mesmo evitar a transmissão. Não só para prevenir a letalidade e a necessidade de utilização do SNS, mas também para prevenir as consequências a médio longo prazo”, afirmou.
Desde o início da pandemia, o país contabiliza 3632 óbitos e 236.015 casos confirmados.
De acordo com o relatório da DGS, há mais 4257 pessoas recuperadas, elevando assim o total para 153.702. Marta Temido, indicou que este valor corresponde a 65% dos 236.015 casos de covid-19 confirmados até à data em Portugal. Adicionalmente estão 32% a recuperar em casa, 1,3% em hospital. Excluindo os recuperados e os óbitos, há 78.641 casos activos em Portugal, mais 1515 que na terça-feira.
Na actualização desta quarta-feira, a DGS dá conta de 3051 pessoas internadas, mais 23 que no dia anterior. Este é o número mais alto de hospitalizações por covid-19 desde que a pandemia começou. Nos cuidados intensivos a situação é semelhante, há mais uma pessoa internada nessas unidades, elevando assim o total para 432 (também o número mais elevado de sempre).
A ministra da Saúde afirmou que a idade dos doentes com covid-19 que estão internados em hospitais ou em unidades de cuidados intensivos se divide em três grandes faixas etárias: 4% dos internamentos são referentes a pessoas com menos de 40 anos; 33% a pessoas entre os 40 e os 69 anos; e 63% a pessoas com mais de 60 anos.
A taxa letalidade da covid-19 em Portugal é agora de 1,5% em termos gerais e de 9,7% no grupo etário de mais de 70 anos, avançou Marta Temido. É acima dos 70 anos que se encontram quase todas as vítimas da doença provocada pelo SARS-Cov-2 (3178). Segundo os dados da DGS, a covid-19 matou até ao momento, mais homens (1856) que mulheres (1776), apesar de haver mais casos confirmados no sexo feminino que no masculino.
Relativamente aos dados por região, mais de metade dos novos casos foram registados no Norte (3191). A segunda região mais afectada é Lisboa e Vale do Tejo, onde foram confirmados 1637 novos casos. Seguem-se o Centro (791), o Alentejo (133), o Algarve (119), os Açores (19) e a Madeira (um).
Quanto aos óbitos das últimas 24 horas, é também o Norte com maior número, tendo registado 47 do total de mortes. Seguem-se Lisboa e Vale do Tejo (16), Centro (10), Alentejo (cinco) e Algarve (um). Nas regiões autónomas não foi registado nenhum óbito.
Portugal tem uma taxa de incidência de 726 casos por cada 100 mil habitantes
Citando dados do Instituto Nacional De Saúde Dr Ricardo Jorge (INSA), Marta Temido avançou que Portugal continua a manter uma taxa de incidência (o número de novos casos notificados nos últimos 14 dias por cada 100 mil habitantes) de 726,2 casos, com “variações muito significativas entre o país”.
“A região Norte tinha 1264 casos por 100 mil habitantes, a região Centro 505 casos, Lisboa e Vale do Tejo, 498 casos, o Alentejo 291 casos e o Algarve 265 casos. Num momento em que se fala de níveis de incidência diversos parece ser importante sublinhar isto”, referiu ainda a ministra.
Em relação ao risco efectivo de transmissão da doença (o chamado factor Rt), Marta Temido disse que entre os dias 9 a 13 de Novembro, a semana que passou, o cálculo do INSA apontava para um Rt de 1,11 — tanto a nível nacional como em específico na região Norte. Na região Centro esse risco era de 1,16, em Lisboa e Vale do Tejo de 1,08, no Alentejo de 1,06 e de 1,04 no Algarve.
Segundo a ministra, citando novamente os dados do INSA, está previsto que a taxa de incidência continue a aumentar, apesar de o risco de transmissão estar a descer. “Estes dois aspectos como sabem não são antagónicos. O risco de transmissão está-se a aproximar do 1, idealmente deveremos situá-lo abaixo do 1 ou em 1, e isso significará que cada novo caso de infecção dará origem a outro caso”, explicou.
Marta Temido afirmou que a preocupação neste momento é a elevada incidência que o país tem e que coloca em risco o funcionamento da sociedade e dos serviços de saúde. “Temos continuado o esforço do reforço do SNS. A pressão epidemiológica no Norte tem levado à que sejam ainda abertas novas camas de resposta para cuidados intensivos e a que tenham sido feitos um conjunto de protocolos com outras identidades que têm estado a colaborar na resposta a doentes covid. Mas aquilo que importa é parar as cadeias de transmissão com as medidas simples que já conhecemos. A utilização da máscara sozinha não vale de tudo”, disse.
Profissionais de saúde poderão ter de alterar férias de Natal
Tendo em conta a situação epidemiológica do país, os profissionais de saúde poderão ter de alterar os planos de férias de Natal de 2020, algo que, segundo Marta Temido, já aconteceu no início do ano. “É uma decisão difícil, um esforço adicional que se pede aos profissionais de saúde e que se poderá ter de pedir a outros profissionais de outras áreas. É um momento particularmente exigente nas nossas vidas e é também por isso que é tão urgente parar a transmissão da doença”, disse a ministra.
Segundo Marta Temido, não é possível substituir os profissionais que estão na linha da frente por outros. “Não há possibilidade de formar médicos e enfermeiros rapidamente, de lhes dar todo o treino, todas as competências que têm de ter para permitir que outros descansem e isso é mais um sinal que nos deve aconselhar a fazer os maiores esforços para sermos solidários”, referiu.
A decisão de alteração das férias destes profissionais está ainda a ser tomada de acordo com cada instituição tendo em conta o atendimento aos doentes e o gozo de férias para permitir às pessoas “recompor-se e estar mais aptas na linha da frente”.