Estudantes protestam junto à Assembleia contra o “subfinanciamento crónico do ensino superior”

Protesto conta com a participação de quatro associações académicas de Lisboa e terá lugar em frente à Assembleia da República a 18 de Novembro às 15h. Reinvindicam o fim das propinas, mais espaços para estudar e novos apoios sociais.

Foto
Nelson Garrido

Os alunos universitários da região de Lisboa vão protestar contra a falta de condições do ensino superior, em frente à Assembleia da República, no dia 18 de Novembro. Entre as reivindicações estão a falta de espaço para estudar nas faculdades, o fim das propinas, o direito à habitação, mais apoios sociais, bem como novas medidas governamentais para responder ao aumento das dificuldades dos estudantes.

Entre os problemas sinalizados, que foram agravados com a pandemia de covid-19, está o “subfinanciamento crónico do ensino superior” e o efeito que este tem na vida dos estudantes, “desde a escassez na acção social, nas bolsas ou no alojamento” até à propina, lê-se no manifesto, publicado nas redes sociais no dia 7 de Novembro. É também criticada a resposta do Ministério da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior, que é acusado de fazer “promessas que ficam por cumprir” e de apresentar “falsas leituras alternativas” das dificuldades dos estudantes.

A concentração está a ser organizada pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova (AEFCSH) e é apoiada pela Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pela Associação Académica da Universidade de Lisboa e pela Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

A AEFCSH já tinha organizado uma manifestação no dia 5 de Novembro contra a falta de espaços e de condições de estudo e condições na faculdade, que contou com meia centena de participantes. Ao P3, José Pinho, dirigente da AEFCSH, afirma que o novo protesto é uma resposta ao “estado em que se encontra o ensino superior e à desresponsabilização por parte do Governo e da tutela face aos problemas que estão presentes na vida dos estudantes”, que se agravaram com a pandemia devido à “falta de rendimentos das famílias, impedidas de pagar propinas ou pagar quartos aos estudantes”. Mas, avisa, “estes problemas já vêm de antes”.

A concentração foi também “muito motivada pela discussão do Orçamento do Estado” que, no entender de José Pinho, “não prioritiza os estudantes.” “É inadmissível que este Orçamento não continue o caminho de avanços que foi traçado ao nível de redução das propinas”, acrescenta João Carvalho, tesoureiro da AEFCSH. “A crise económica está a sentir-se sobre as famílias e isso regista-se no pagamento de quartos, das propinas e de custos administrativos. É um fenómeno de desresponsabilização do Estado de financiar o ensino e de faltar às suas funções prescritas na Constituição da República.”

Por isso, na quarta-feira, pelas 15h, estarão à frente da Assembleia da República, o “espaço fundamental onde se estão a discutir essas questões e por onde passam as decisões das prioridades da política nacional”, diz João. Na véspera, a 17 de Novembro, também a Brigada Estudantil convocou um protesto em várias cidades do país pelo fim das propinas e das desigualdades sociais no ensino superior.

Texto editado por Amanda Ribeiro

Sugerir correcção