Joe Biden: “Não vou ser um Presidente que divide, mas um que une”
No seu primeiro discurso como Presidente eleito, Joe Biden propôs a uma América profundamente dividida que aceite um compromisso: que coopere, que se una. “Vamos ser a nação que sabemos que podemos ser. Uma nação unida, uma nação fortalecida, uma nação curada”, disse.
No seu primeiro discurso como Presidente eleito, na noite de sábado, Joe Biden estendeu a mão à outra metade, aos quase 71 milhões de norte-americanos que votaram em Donald Trump nas eleições presidenciais. “Este é o momento de curar as feridas”, disse-lhes, prometendo “não ser um Presidente que divide, mas um que une”.
Era o discurso necessário a fechar um processo eleitoral que se arrastou — a votação foi na terça-feira, 3 de Novembro — e que o Presidente em exercício, Donald Trump, tentou arrastar com processos legais e recurso ao Supremo Tribunal. Trump não admitiu a derrota, mas os números impuseram-se. Biden obteve mais de 75 milhões de votos e conta já com 290 grandes eleitores no Colégio Eleitoral, o que lhe vai oficializar a vitória.
Sem nunca mencionar o adversário, Biden dedicou a primeira parte do seu discurso a encerrar a “era sombria”, como lhe chamou. Não falou para Trump, mas para os seus seguidores: “Vamos deixar de tratar os nossos opositores como inimigos”, disse. “Não são inimigos, são americanos”.
“Aos que votaram no Presidente Trump, percebo a vosso desapontamento. Já tive algumas derrotas na minha vida. Mas agora vamos dar-nos uma oportunidade, vamos acalmar os ânimos”, disse Joe Biden, que no início do seu primeiro discurso ao país como Presidente eleito, nas suas primeiras palavras, desfez qualquer equívoco: “O povo desta nação falou, deu-nos uma vitória clara”.
Político veterano, Biden deixou claro que sabe que a polarização e o clima de agressividade entre as duas metades da América, expresso na campanha eleitoral e nos dias entre a eleição e o da divulgação dos resultados, vai definir a sua presidência. "Agora que campanha acabou, qual é o nosso mandato?”, perguntou.
Disse que chega à Casa Branca, no dia 20 de Janeiro de 2021, quando o mandato de Trump termina, para restaurar a “decência" e a “esperança”, “e para enfrentar as batalhas do nosso tempo": controlar o vírus da covid-19, garantir assistência médica aos cidadãos, controlar o clima, restaurar a decência, “defender a democracia e dar a toda a gente uma oportunidade justa”. Falou da diversidade da sociedade americana, dos brancos, dos latinos, da comunidade LGBTI, dos nativos americanos, dos afro-americanos, foi uma frase longa para incluir todos, que arrancou aplausos no parque de estacionamento de Wilmingon, no estado do Delaware, onde falou.
Biden disse que a sua primeira tarefa, quando tomar posse a 20 de Janeiro, é trabalhar para controlar o novo coronavírus. “É a única maneira de recuperarmos a nossa vida”, destacou. “Na segunda-feira, vou nomear uma equipa de cientistas de renome e de especialistas que vão ajudar a conceber o plano Biden-Harris Covid e transformá-lo num plano de acção que vai começar a 20 de Janeiro de 2021”, anunciou Biden. “O plano será baseado apenas na ciência”.
É o momento de “curar as feridas”, foi repetindo, de formas diferentes, para concluir que é possível — “Yes, we can”, disse, citando a frase de Barack Obama de quem foi vice-presidente durante oito anos.
“Vamos ser a nação que sabemos que podemos ser. Uma nação unida, uma nação fortalecida, uma nação curada”, disse o Presidente eleito, pedindo aos americanos que cooperem, que aceitem o compromisso que lhes estava a propor. E pediu-lhes, com uma última frase: “Espalhem esta fé”.