Despertar para a escola da cidadania
Em Portugal, observamos uma tendência para a baixa participação eleitoral, constantemente a população afasta-se das urnas, abdicando do seu direito ao voto. Daí a importância de disciplinas na área de Letras e Humanidades como a História, a Filosofia e a Ciência Política nas escolas.
Actualmente, olhando para o mapa-mundo, observa-se um contraste de cores vermelhas, amarelas e verdes, que correspondem a países não livres, parcialmente livres e livres. Na Europa, assiste-se ao avançar galopante da extrema-direita e ao crescimento dos partidos populistas perante o enfraquecimento dos partidos clássicos. Paralelamente, é cada vez maior a baixa participação eleitoral, o que reflecte um descontentamento e descrença nos regimes democráticos. As vozes persuasivas defensoras de uma ordem e estabilidade impositiva antagónica aos princípios democráticos começam-se a elevar e a ganhar cada vez mais influência. As denúncias às violações dos direitos humanos são elevadas: manifestações oprimidas, perseguições e prisões arbitrárias. As liberdades são constantemente restringidas. A realização de eleições sob um véu de manipulação é cada vez mais forte. Em suma, um conjunto de situações permite-nos concluir que a democracia e a liberdade estão em constante ameaça. Mas continua-se a tapar os olhos a uma realidade preocupante e real perante farsas ilusórias de regimes que se pintam de democráticos enquanto carregam nas veias o autoritarismo.
É por este motivo que urge a importância de disciplinas na área de Letras e Humanidades como a História, a Filosofia e a Ciência Política que contribuem para uma opinião mais livre, para a construção de um pensamento crítico, permitindo, assim, escapar das malhas da persuasão e manipulação. No entanto, cada vez mais assistimos à desvalorização destas áreas no ensino e na própria sociedade, sob o lema de que o estudo destas não permite alcançar verdadeiramente uma profissão de sucesso. Neste sentido, perante um foco na profissão, desvaloriza-se a cidadania, esquecendo-se que antes de estes jovens exercerem uma profissão são, também, cidadãos e devem estar conscientes da realidade política que os circula in loco, ou seja, no seu país, mas também no mundo. Pode-se afirmar que esta consciência é conseguida por meio do estudo das disciplinas humanísticas, mas que são constantemente desvalorizadas e esquecidas, como se verifica com a redução da duração das aulas na disciplina de História.
Em Portugal, observamos uma tendência para a baixa participação eleitoral, constantemente a população afasta-se das urnas, abdicando do seu direito ao voto. Neste contexto, importa incutir nos nossos jovens, futuros eleitores, a consciência política, demonstrando-lhes a preponderância das eleições para a manutenção e preservação de um regime democrático. Esta conscientização pode ser feita nas aulas de História com recurso a acontecimentos históricos, permitindo incutir nestes futuros eleitores a importância do voto como pilar da democracia, no sentido em que é através deste que a população escolhe os seus governantes e expressa a sua opinião, definindo o seu futuro político.
Paralelamente, na política mundial, assistimos ao proliferar constante de discursos populistas que conseguem lograr triunfantemente, passando as barreiras do pensamento crítico. Tal a força destes que permite galopantemente a ascensão de partidos de extrema. Acredito que o século XXI será a era dos populismos e, por isso, urge um despertar para o seu perigo e travar o seu crescimento. Com a filosofia, os alunos investem na construção da reflexão e do pensamento crítico, o trunfo para combater o populismo e a manipulação.
Neste sentido, o estudo das disciplinas de Humanidades é fulcral para a formação de cidadãos, observadores da situação político-social, conscientes da realidade que os rodeia, críticos, combatentes da manipulação e defensores da democracia. Não devem ser esquecidas.