Orçamento de Estado de “progresso” só pode ter o “sim” da esquerda, diz Costa
O primeiro-ministro reforçou que estão criadas “as condições essenciais” para que haja acordo.
António Costa está descansado e não vê como é que o Orçamento de Estado que vai apresentar na segunda-feira não tenha acordo por parte do Bloco de Esquerda e do PCP, os parceiros de esquerda. O primeiro-ministro fala numa proposta de “progresso” e destaca que este Orçamento prevê uma redução da taxa de retenção da fonte de IRS para os trabalhadores, de forma a “assegurar que os portugueses tenham maior disponibilidade salarial”em 2021.
Na cimeira luso-espanhola que está a decorrer este sábado na Guarda, e quando questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro reforçou que estão criadas “as condições essenciais” para que haja acordo.
“Primeiro os nossos parceiros tinham dito que esta crise não podia justificar qualquer recuo relativamente ao progresso alcançado desde Novembro de 2015, ora este orçamento não tem qualquer recuo. Segundo lugar, os nossos parceiros disseram que não podíamos ficar a marcar passo, tinha de haver avanços. Ora, a proposta de Orçamento não fica a marcar passo e contém avanços”, começou por dizer António Costa, acrescentando que o Orçamento recusa “qualquer via austeritária”, antes “prossegue uma trajectória de reforço e melhoria do rendimento das famílias, de apoio ao emprego e de aposto no investimento público para ajudar impulsionar a economia”.
Das várias propostas do documento, António Costa voltou a falar no compromisso de chegar ao final da legislatura com o salário mínimo nos 750 euros, no aumento salarial e das pensões mais baixas já este ano e na criação de uma prestação social extraordinária para que “ninguém fique com rendimentos abaixo do limiar da pobreza, ou seja abaixo dos 502 euros”.
O primeiro-ministro admitiu, no entanto, que há matérias que ainda estão a ser trabalhadas, nomeadamente as propostas por escrito que chegaram quer do BE, quer do PCP. “Há questões de pormenor que ainda estamos a negociar, mas se houver vontade política de todos, seguramente iremos ter um bom orçamento 202”, frisou. Para António Costa, o entendimento é “fundamental”, ainda mais numa altura em que há “disponibilidade por parte da União Europeia de recursos tão significativos”. “Seria incompreensível, relativamente aos nossos próprios recursos orçamentais, se não fossemos capazes de nos entender. Em épocas de crise não se pode andar a viver em sobressalto de duodécimos, temos de ter um orçamento robusto”, sustentou.