Podem os jovens activistas do clima derrotar Trump nas presidenciais?

Nos EUA, o movimento Sunrise está a mobilizar milhares de jovens para o voto contra Trump nas próximas eleições presidenciais. “Derrotar Donald Trump é apenas o primeiro passo para aprovar um Green New Deal.”

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Varshini Prakash, líder do movimento de jovens activistas pelo clima Sunrise, é um dos rostos na campanha anti-Trump REUTERS/ PHIL NOBLE

Mais do que qualquer outro grupo de jovens activistas pelo clima nos EUA, o movimento Sunrise colocou o Green New Deal (Novo Acordo Verde) na agenda pública. Movidos pela emergência climática, os seus membros, na sua maioria adolescentes ou jovens adultos, organizaram nos últimos anos inúmeras acções de protestos mas também ajudaram a redigir legislação. 

Um dos momentos que catapultou o movimento de jovens activistas aconteceu em Novembro de 2018, quando a recém-eleita congressista de Nova Iorque Alexandria Ocasio-Cortez se juntou a mais de 150 manifestantes do movimento que ocupavam o gabinete da na altura líder da bancada democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, para exigir que ela criasse um grupo no Congresso dedicado às alterações climáticas.

No seu novo livro, Winning The Green New Deal: Why We Must, How We Can (Vencer o Novo Acordo Verde: Porque é que precisamos, como conseguimos), Varshini Prakash, 26 anos e líder do grupo, diz que a chave para o sucesso do movimento Sunrise é o uso do grupo de organização de protesto e organização eleitoral para construir poder político.

Mark Hertsgaard: A primeira linha do seu novo livro diz: “Os jovens precisam de se erguer”. Muitos jovens realmente ergueram-se este ano com o movimento Sunrise para ajudar a derrotar os centristas nas eleições primárias democratas — Jamaal Bowman, em Nova Iorque; Cori Bush, no MissouriM e, o mais famoso, Ed Markey, que venceu um Kennedy pela primeira vez em Massachusetts. Qual é o segredo?
Varshini Prakash: Adolescentes via Zoom! Não estou a brincar. Tratamos as eleições como uma oportunidade não apenas para eleger outra pessoa, mas para construir o nosso movimento no processo. Durante muito tempo, vimos esquerdistas e progressistas terem uma aversão real ao poder político, um medo real do que significa entrar na “lama” da política. Percebemos que a legislação aprovada é baseada em quem [uma autoridade eleita] se sente responsável. Eu acho que foi isso que tornou o Sunrise diferente de muitas organizações climáticas que o seguiram: não temos medo de casar a desobediência civil e a organização de protestos com uma organização eleitoral obstinada.

Nos EUA, os políticos tradicionalmente desconsideram o voto dos jovens. Em 2016, apenas 46% dos eleitores elegíveis com menos de 30 anos votaram. Como é que o movimento Sunrise está a levar os jovens a acreditar no activismo eleitoral?
O Sunrise activa os jovens através de um trabalho eleitoral sobre a nossa missão no sentido mais amplo, não sobre o candidato político. A nossa missão é, em dez anos, promover uma transformação em praticamente todas as áreas da sociedade para enfrentar a crise climática. Em última análise, um político é uma ferramenta para alcançar esse fim. Costumamos dizer que derrotar Donald Trump é apenas o primeiro passo para aprovar um Green New Deal (Novo Acordo Verde). E, mesmo que Joe Biden seja eleito, precisaremos de um movimento com uma força sem paralelo na história recente, tanto para garantir que ele cumpre as promessas de campanha como para lutar contra a indústria de combustíveis fósseis e o Partido Republicano, que fará tudo ao seu alcance para nos impedir de agir.

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Aos 26 anos, Varshini Prakash é co-fundadora e líder do movimento Sunrise DR

Como é que o movimento Sunrise está a ajustar a sua abordagem, tanto para a corrida Biden-Trump quanto para os 18 candidatos ao Congresso que apoiam?
Estamos a planear fazer 2,5 milhões de chamadas telefónicas para os eleitores para ajudar a eleger os apoiantes do Green New Deal [para o Congresso] e derrotar Donald Trump, especialmente em três estados indecisos: Pensilvânia, Michigan e Wisconsin. Iremos entrar em contacto com pessoas que os partidos Democrata e Republicano muitas vezes não conseguem alcançar, especialmente os jovens eleitores e eleitores de cor, e fazê-los perceber como é que esta eleição pode afectar as suas comunidades. 

Olhando para o dia da eleição em si, há uma grande possibilidade de intimidação dos eleitores e até violência nas urnas, com Trump a dizer abertamente que não aceitará os resultados se perder. Como é que o Sunrise se está a preparar?
É assustador. Estamos cientes de que temos que estar prontos para entrar em acção se e quando o presidente tentar, essencialmente, um golpe. Estamos a planear enviar milhares de jovens às urnas no dia da eleição para proteger o direito de voto. Precisamos deixar muito claro que esta luta não é apenas sobre a contagem de votos, mas sobre o futuro da nossa democracia. Haverá representação igual para todos neste país ou caminharemos para o autoritarismo?

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Protesto do movimento Sunrise frente à estação televisiva norte-americana CNN, em Atlanta, exigindo melhor cobertura sobre os incêndios que devastaram vários estados DR
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