Morreu Erick Morillo, criador do êxito planetário I like to move it
Tinha 21 anos quando, em 1993, editou o tema, cantado por Mad Stuntman, que definiria a sua carreira. Foi encontrado morto na sua casa em Miami, a dias de ser ouvido em tribunal por um caso de violação de que está acusado.
Em 1993, Erick Morillo chegou ao topo do mundo. Tinha 22 anos quando editou I like to move it, a canção que compôs e produziu, que Mad Stuntman cantou, e que se tornou um êxito global particularmente resistente à passagem do tempo. O tema que o tornou milionário continuaria a acompanhá-lo como assombração. Apesar do sucesso posterior enquanto DJ de house, em Nova Iorque ou no Algarve, mas principalmente em Ibiza, aquele momento one hit wonder marcaria todo o seu percurso.
Na terça-feira, Morillo foi encontrado morto na sua casa em Miami. A polícia investiga ainda as circunstâncias da morte, cuja causa não foi revelada.O DJ iria ser ouvido na próxima sexta-feira em tribunal, acusado da violação de uma mulher, também DJ. Apesar de ter negado o crime, o seu ADN foi encontrado no corpo da vítima, o que levou à sua detenção e a uma acusação formal no início de Agosto.
Nascido em Nova Iorque a 26 de Março de 1971, Morillo passaria a infância em Cartagena das Índias, na Colômbia. Regressou aos Estados Unidos com 11 anos e iniciou carreira na cidade que o viu nascer, ligado àquela que era a maior editora de música house da cidade, a Strictly Rhythm. Em 1993, depois se ter estreado no ano anterior, sob o pseudónimo Reel 2 Real, com singles como The new anthem (funky Buda) e Muevelo, editou a canção que lhe mudaria a vida. Contando com a voz de Mad Stuntman, cantor de Trindade e Tobago, I like to move it iniciou em 1993 um percurso fulgurante que a tornaria, no ano seguinte, um sucesso à escala planetária e, depois, um clássico que perdura na memória global como marca da explosão global da house na década de 1990.
Já neste século, a canção ganharia novo protagonismo ao ser incluída no filme de animação Madagáscar (2005). Quando tal aconteceu, já Erick Morillo se convertera, mais do que em criador e compositor, em DJ globetrotter, protótipo dos DJ superestrelas deste século, viajando dos Estados Unidos para Ibiza, daí para Moscovo, depois para Londres, antes de regressar, sempre, à ilha espanhola tornada sinónimo de discotecas e hedonismo desbragado. Ainda assim, manteve colaborações com nomes como Puff Daddy, Skin, vocalista dos Skunk Anansie, Basement Jaxx ou Boy George.
O obituário da Billboard recorda que, numa conferência realizada em Ibiza em 2016, Morillo confessara que ao imenso sucesso de I like to move it sucedera a frustração e um ego destruído por se sentir, à medida que os anos passavam, ultrapassado pelo novos DJ e compositores de house. Relatara também um longo historial de toxicodependência e alcoolismo e várias tentativas de desintoxicação – dizia-se sóbrio desde 2014. Actuou em Portugal por diversas vezes: na última viagem ao nosso país, no ano passado, esteve no Romando Beach Club, em Vila do Conde, e no Mundo Lick, em Albufeira.
Em Agosto foi acusado de violação por uma mulher com quem partilhara uma sessão de djing numa festa privada em Miami. O crime terá ocorrido em Dezembro de 2019. Segundo a acusação, depois da actuação, Erick Morillo, a sua colega DJ e uma amiga deslocaram-se à casa de Morillo, onde no decorrer da noite este terá feito várias abordagens sexuais à primeira, que esta repeliu. Depois de, sentindo-se alcoolizada, recolher a um dos quartos da casa, a mulher acordaria nua com Morillo, igualmente nu, deitado a seu lado. Morillo declarou-se inocente (afirmou ter tido relações sexuais com a outra mulher presente na casa, mas esta alega ter dormido no sofá, embriagada, e não se recordar de nada). Porém, a investigação confirmou a presença do ADN de Morillo na acusadora e este acabou por entregar-se às autoridades.