BEI financia com 27,5 milhões a nova caldeira de biomassa da Navigator

Novo investimento está enquadrado na estratégia de descarbonização da empresa, que decidiu antecipar as metas europeias e propor o ano de 2035 para, internamente, atingir a neutralidade carbónica.

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Nuno Ferreira Monteiro

Considerada a maior fabricante de papel e pasta de papel da Europa, a The Navigator Company prepara-se para, em Outubro, inaugurar uma nova caldeira de biomassa na sua fábrica da Figueira da Foz. A aposta, equivalente a um investimento de 55 milhões de euros (repartidos por dois anos), vai beneficiar de um financiamento de 27,5 milhões de euros concedido pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), no âmbito do Plano de Investimento para a Europa.

De acordo com informações disponibilizadas pela empresa, no funcionamento da nova estrutura serão utilizadas anualmente 400 mil toneladas de biomassa, sendo que, destas, metade consiste em resíduos resultantes do descasque interno da madeira do eucalipto (tais como casca e serrim), juntamente com “200 mil toneladas de biomassas residuais florestais adquiridas no exterior, decorrentes das operações de gestão florestal e das limpezas de áreas rurais”.

Paralelamente à energia eléctrica, a nova caldeira possibilitará, ainda, que, a partir da biomassa residual florestal, se gere “energia térmica para os processos produtivos”. A dupla função, segundo a empresa, irá garantir “eficiências muito mais elevadas na geração da energia”, a chamada co-geração.

Quando comparado com o anterior, o novo equipamento “terá mais capacidade e um melhor desempenho ambiental muito mais exigente”, consequências da aposta na “melhor tecnologia disponível actualmente”. Na prática, o investimento permitirá à Navigator reduzir as emissões de dióxido de carbono fóssil, no complexo da Figueira da Foz, em cerca de 150 mil a 200 mil toneladas por ano, o que representa 20% das emissões do grupo.

O início de actividade da nova caldeira permitirá à empresa deixar de operar uma central de gás natural, o que transforma os complexos fabris da empresa na Figueira da Foz unicamente dependentes de “fontes renováveis para a produção de energia eléctrica a vapor”.

Neutralidade carbónica é objectivo para cumprir até 2035

A construção e exploração da nova infra-estrutura permitirá à empresa dar início à recentemente anunciada estratégia de descarbonização que visa atingir a neutralidade carbónica até 2035 – 15 anos antes das metas estabelecidas pela União Europeia.

Na perseguição deste objectivo, a The Navigator Company investiu 158 milhões de euros “no conjunto de todas as suas operações industriais”, o que, na prática, se traduz na “produção de 100% de energia eléctrica e vapor a partir de fontes renováveis”, na “redução de emissões de CO2 fóssil (substituindo-o por tecnologias actuais) e na redução do consumo específico de energia em 15%”.

Para além das preocupações ambientais, as mudanças efectuadas estão também em linha com os objectivos económicos do grupo com vista à conservação e reforço da sua “competitividade no mercado”, especialmente no período pós-Covid-19. Esta questão é sublinhada pelo próprio BEI que vê no investimento um contributo para “o apoio ao emprego rural e às economias rurais em Portugal”, isto “mediante o desenvolvimento de uma cadeia de valor das florestas e da bioeconomia”.

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