Túmulo de Ferreira Borges de cara lavada no bicentenário da revolução liberal
Esta segunda-feira, dia 24 de Agosto, celebram-se os 200 anos da Revolução Liberal de 1820. No Porto, no Cemitério da Lapa, o túmulo de Ferreira Borges está a ser requalificado.
Desde 1942 que ninguém tocava no monumento fúnebre de José Ferreira Borges, mandado erigir por comerciantes, no Cemitério da Lapa. Mas, no ano em que se comemoram os 200 anos do Liberalismo, a Associação Comercial do Porto (ACP) dinamizou a sua requalificação, como forma de “assinalar esta passagem” a que aquele portuense, enquanto membro do Sinédrio, esteve intimamente ligado, afirma Nuno Botelho, Presidente da ACP.
Começou no mês de Julho, com a limpeza da “figura” e do “busto”, segundo informa o Presidente, “através da remoção de toda a corrosão existente e posterior galvanização”, e continuará agora, no mês de Setembro, com a “requalificação do gradeamento”. Num ano atípico, em que a ACP planeava “outro tipo de comemorações”, como “conferências” e “palestras”, a intervenção simboliza uma “homenagem a todos os que lutaram pelos ideais da ACP”.
José Ferreira Borges, membro da Maçonaria que, com Manuel Fernandes Tomás, fundou em 1818 o Sinédrio (associação política clandestina que lutou pelos ideais liberais), viria a ser responsável pelo Código Comercial Português (conhecido como o “Código Ferreira Borges"), aprovado e promulgado no ano de 1833. Um ano depois da publicação desta importante legislação, em 1834 surgia a Associação Comercial do Porto da qual este portuense foi também fundador.
Imortalizado na toponímia da cidade – o antigo mercado com o seu nome, um dos ícones da engenharia do Ferro, no Porto foi erguido ao lado do palácio da Bolsa, sede da sua ACP – Ferreira Borges foi uma das “figuras proeminentes do liberalismo”, assinala Nuno Botelho. Que vê a associação comercial como “uma herdeira do liberalismo no Porto”.
O jurista, que foi deputado às Cortes Constituintes que viriam a elaborar a Constituição de 1822, viria a falecer na sua cidade, no dia 14 de Novembro de 1838. Em sua honra, a ACP adquiriu um terreno no Cemitério da Lapa para se construir um monumento encimado pelo seu busto. No dia em que o Parlamento e o Presidente da República evocam os 200 anos da Revolução Liberal, Nuno Botelho entende a homenagem a um dos seus mentores como uma referência “a uma sociedade civil que deve e pode fazer valer os seus direitos”.