O ocaso de Coimbra e da AAC-OAF tem responsáveis
O nanismo económico de Coimbra, não obstante o seu enorme potencial de crescimento, tem implicações a todos os níveis.
De terceiro município do país, em tempos que a memória ainda alcança, Coimbra foi diminuída política e economicamente por sucessivas governações da câmara, incapazes de unirem as suas principais instituições, impotentes para promoverem o desenvolvimento da urbe e sem ideias de crescimento para o futuro.
Não admira, portanto, que Coimbra se tenha reduzido a uma cidade de passagem para turistas e estudantes, sendo hoje somente o 19.º concelho nacional, com 134 mil residentes, perdendo mais população do que a média do país.
Coimbra é apenas o 65.º concelho em empresas não financeiras/100 habitantes (Pordata, 2018) e em bens exportados (incluindo o turismo) (Pordata, 2019), atrás de concelhos como Pombal, Lousada, Nelas, Tondela, etc., com um balanço negativo relativamente às importações.
Sendo um concelho que tanto depende do Turismo, graças ao Património Mundial da Universidade, Coimbra está somente no lugar 239.º no número médio de pernoitas por turista (Pordata, 2019), devido à ausência do mais singelo Plano de Turismo!
Coimbra é um dos piores concelhos do país na perda de jovens residentes dos 24-29 anos, por falta de emprego, tendo perdido 54% destes jovens nos últimos 18 anos, quando a redução média do país foi somente de 34%.
Quanto ao nível de independência financeira dos municípios (receitas próprias/receitas totais), Coimbra está apenas no 23.º lugar nacional, com o IMI a representar mais de 30% da receita cobrada, contra uma média nacional de 17,7%, o que traduz uma excessiva dependência do sector imobiliário (Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses de 2018, OCC).
Entretanto, as poucas áreas industriais de Coimbra continuam com lotes vazios e o concelho está pejado de carcaças de antigos espaços industriais falidos e não recuperados. Até há empresários que querem investir em Coimbra mas desistem e vão para outros concelhos, por causa das enormes taxas e da dolorosamente lenta burocracia da câmara, dois obstáculos a corrigir urgentemente.
Para alterar este panorama negro, com reflexos no mau estado de todo o concelho, é preciso alterar a política da câmara. Infelizmente, Coimbra teve um muito baixo nível de investimento em 2018, estando classificada em 25.º lugar nacional, com apenas 11,5 milhões de euros. Poucochinho.
O nanismo económico de Coimbra, não obstante o seu enorme potencial de crescimento, tem implicações a todos os níveis. Numa recente entrevista à RUC, o presidente da AAC-OAF reconhecia o inevitável: a Académica não tem os mesmos argumentos financeiros de outros clubes, pelo que não é candidata à subida.
Parece óbvio que urge implementar uma estratégia política na Câmara de Coimbra que permita inverter esta tendência e promover o desenvolvimento e crescimento do concelho.
As próximas eleições autárquicas serão ‘a última’ oportunidade de Coimbra acelerar rumo ao futuro, mas não estamos seguros que os cConimbricenses tenham a consciência desta realidade, daí a oportunidade deste texto.