Galiza e Norte unem-se em programa de viagens e Beatriz Gosta é a nossa guia
São 12 episódios “Sem Fronteiras”, a estrear na RTP e televisão galega no Outono: parte-se à descoberta conjunta do Norte de Portugal e da Galiza. De um lado, Beatriz Gosta, do outro o apresentador galego Javier Varela.
Já começaram as gravações da nova série Sem Fronteiras, fruto da colaboração entre a SPi e a M Internacional Audiovisual, da Galiza. O programa é uma aliança ibérica que explora os dois territórios: “É a procura de uma portuguesa e de um galego, que trocam os seus países de origem” em busca “do que os une e do que os separa”, explica José Amaral, director geral da SPi. A estreia prevê-se para Outubro deste ano, na RTP e na TVG – Televisão da Galiza.
Ao leme da descoberta em terras galegas está Beatriz Gosta, o nome por que se tornou conhecida a humorista e apresentadora Marta Bateira. “As gravações estão a correr muito bem, muito fluidas. São dias muito cheios”, explica à Fugas num intervalo de um dia de filmagens em Baiona. E adianta que recebeu com “orgulho e felicidade” este novo papel: “Eu sou do Porto, sou do Norte e isso teve muito peso. Sou a pessoa indicada.”
No mote do plano do programa está a ideia das diferenças e semelhanças entre as terras, incluindo tendo como ponto de partida a fonética: Baião, Baiona; Vale de Cambra, Cambre; Riba de Ave, Ridavia; Gerês, Xurês; e por aí fora. “O Norte de Portugal e a Galiza têm uma forte ligação. Nunca se percebeu até hoje como começou um e acabou outro”, acrescenta José Amaral. Por cá, quem dá a conhecer as terras lusitanas é o apresentador galego Javier Varela.
Para lá das aventuras típicas de qualquer viagem, ricas em “cultura, monumentos da região, história, costumes, festas tradicionais, comida, tudo”, Beatriz Gosta sente ainda que o programa vai permitir a reflexão acerca da questão da descentralização: “Descentralizar é importantíssimo porque os centos urbanos estão super desenvolvidos e têm os financiamentos todos e o resto é esquecido e acaba por ficar abandonado e com uma população envelhecida”, explica.
Profissionalmente, esta está a ser uma experiência “enriquecedora a todos os níveis” para a apresentadora. “Primeiro, a nível cultural, e depois é um desafio diferente daquilo que costumo fazer.” Beatriz assume o papel da transmissão de informação com “um toque de leveza, para não ser demasiado conteúdo de forma densa”.
Apesar de o seu toque de humor não faltar na produção, conta-nos que este projecto permite maior versatilidade. “Quero desprender-me um bocadinho aqui da vertente muito ligada à vida boémia e aos tabus. Sempre com um jeito de brincadeira, posso ajustar-me a diferentes formatos mantendo a minha forma de comunicar”, explica.
Contadora de histórias por excelência, já recolheu algumas peripécias das duas semanas de gravações que já passaram. “Ainda hoje chamei ‘fofo’ a um senhor. Não é que ‘fofo’ aqui é ‘flácido'?”, confidencia em risos. Também os horários causam estranheza e os próprios menus já se tornam repetidos: “O mais cedo que se consegue jantar aqui é às 21h, 21h30, e para quem tem de acordar cedo para gravar... E há diferenças culturais engraçadas, como comerem o primeiro prato e o segundo prato. E em todo o lado há pudim flan e tortilhas”, conta. Até na hora de dormir a coisa se torna complicada: é que, conta, ainda se usam “aquelas almofadas colectivas, tipo travesseiro em salsicha para duas pessoas. É um bocado incómodo, não estou habituada”.
Para Beatriz, o regresso ao trabalho depois dos meses de confinamento foi um privilégio. “Voltar à estrada, com todos os cuidados, está a ser muito bom. Sou privilegiada porque este programa acabou por não cair. Ainda temos que nos habituar mas eu estou a queixar-me de barriga cheia, há muita gente sem trabalho”. Para o futuro, estão já alguns regressos planeados aos palcos e também à televisão, com o programa Unidos ao Clube, da RTP.
José Amaral acredita que, com a pandemia, “o programa não podia ser mais actual”, embora já estivesse planeado antes da covid-19. “É importante potenciar a proximidade da região. Não precisamos de estar tão longe para ir para fora”, acrescenta.
Texto editado por Luís J. Santos