União Europeia – Um orçamento forte na Ciência e Inovação para impulsionar o crescimento e criar empregos
Precisamos que os Estados-membros – precisamos que o seu país – deem à Europa a oportunidade de uma recuperação baseada no progresso científico, e concordem com um orçamento ambicioso para o Horizonte Europa. Não desperdicemos esta oportunidade.
A pandemia de covid-19 não tem precedentes, e a nossa resposta comum a este vírus também não. Quando governos e sociedades de todo o mundo se tiveram de bater para conter esta pandemia global, quando as nossas economias sofreram como nunca antes, a Ciência e a Inovação revelaram-se as mais impactantes e poderosas ferramentas disponíveis para começar a regressar a um “novo normal”.
Investigadores e inovadores estão a trabalhar 24 horas por dia para compreenderem melhor o novo vírus, já que esta é a única forma que temos de desenvolver tratamentos e diagnósticos eficazes e de produzir uma vacina aguardada por todo o mundo.
Confrontada com a incerteza económica e a impossibilidade de avaliar os efeitos da pandemia no longo-prazo, a Europa será guiada pela Ciência e Inovação nas suas transições “verde” e digital.
Estas prioridades continuam a ter o poder de induzir crescimento, de criar empregos e de impulsionar a competitividade. Mas a Europa precisa de um orçamento adequado a esses objetivos para os tornar numa realidade. Um orçamento com uma forte componente de Ciência e Inovação na sua essência. Ao fim de vários meses, o Conselho Europeu irá começar a apreciar o orçamento de longo-prazo da UE, nesta sexta-feira, 19 de junho. As semanas que se seguem serão cruciais para colocar este orçamento no rumo certo.
A União Europeia criou o maior programa de Ciência e Inovação do mundo: o Horizonte 2020. A Ciência e a Inovação são importantes motores de crescimento. Estima-se que, até 2030, o Horizonte 2020 tenha gerado ganhos de 400 mil a 600 mil milhões de euros no PIB europeu. É um dinamizador das atividades intensivas em conhecimento, que representam mais de 33% de todo o emprego na Europa.
Perante um futuro muito exigente, estamos agora nas etapas finais de preparação do seu ainda mais importante sucessor: o Horizonte Europa. Este dispõe de ferramentas poderosas e de abordagens inéditas, tais como novas parcerias público-privadas e missões destinadas a ajudarem-nos a atingirmos a neutralidade climática em 2050. A aptidão da Europa para assumir a descarbonização e a transição digital depende do desenvolvimento e implementação de novas tecnologias e da inovação. Se pretendemos atingir a meta potencial de 50% de redução das emissões de CO2 em 2030, a qual tem uma natureza transformativa para todos os setores industriais na Europa, precisaremos de esforços coordenados e de um Horizonte Europa forte.
Em 27 de maio de 2020, a Comissão Europeia propôs reforçar o Horizonte Europa com 13,5 mil milhões de euros adicionais, provenientes do instrumento de recuperação Next Generation Europe. O programa irá atingir 94,4 mil milhões de euros no total. As verbas adicionais permitirão um foco maior e facilitarão a investigação essencial na saúde, a resiliência e as transições verde e digital.
Agora precisamos que os Estados-membros – precisamos que o seu país – deem à Europa a oportunidade de uma recuperação baseada no progresso científico, e concordem com um orçamento ambicioso para o Horizonte Europa. Obter um orçamento suficiente para o Horizonte Europa significaria a criação de até 100 mil empregos nas atividades de Ciência e Inovação até 2027, além de uma muito significativa injeção de investimento nas nossas economias.
Ao mesmo tempo, os ministros da Ciência devem acelerar a discussão em torno dos assuntos em aberto do Horizonte Europa, para evitarem atrasos no arranque de um programa que irá ajudar-nos a combater o impacto de longo-prazo desta pandemia e a prepararmo-nos melhor. Irá ajudar-nos a combater o cancro, a descobrir novas soluções para criar cidades climaticamente neutras, a garantir energia e segurança alimentar, a proteger melhor os nossos oceanos, e a preparar-nos para as inevitáveis mudanças sociais e económicas. Não desperdicemos esta oportunidade.
Mariya Gabriel, comissária europeia
Maria da Graça Carvalho, eurodeputada
As autoras escrevem segundo o novo acordo ortográfico