O problema chinês do “lixo estrangeiro”: racismo e xenofobia em tempos de pandemia
Donald Trump e Xi Jinping não são assim tão diferentes neste aspeto. Estes dirigentes não hesitam em disseminar narrativas nacionalistas, racistas e xenófobas nas suas respectivas esferas de influência porque ambos estão a participar numa corrida pela supremacia tecnológica e económica.
Uma lei importante em antropologia e em estudos sociais de ciência e tecnologia é a ideia de que os desastres humanos ou naturais afetam as pessoas de forma desigual dependendo das suas posses e capacidades. A desigualdade é o grande problema ético levantado pelo desastre e a questão fundamental para um governo justo e responsável é tentar aliviar os efeitos negativos da desigualdade. Isto me parece uma questão fundamental na atual pandemia covid-19, mas há uma outra lei antropológica igualmente importante que tem sido menos falada na imprensa portuguesa: a lei da xenofobia e do racismo. Se é verdade que os desastres têm a capacidade de gerar vagas de compaixão e entreajuda humanitária que ultrapassam distâncias e fronteiras, também é verdade que os desastres são terreno fértil para o crescimento do racismo e da xenofobia, e quando os desastres têm uma escala global como é o caso da atual pandemia, esse racismo e xenofobia pode atingir proporções planetárias e se tornar num instrumento de lutas geopolíticas.
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