Covid-19 põe Badoca Park em risco de fechar. Futuro dos animais preocupa
A actividade do parque depende das receitas de bilheteira e “grande parte do rendimento já foi perdido”. O parque continua a ter despesas com a alimentação, manutenção e salários dos trabalhadores.
O Badoca Safari Park, em Santiago do Cacém, está em risco de fechar portas, devido à pandemia de covid-19. Garantir o bem-estar dos animais, as despesas de manutenção e os salários dos trabalhadores não tem sido tarefa fácil, uma vez que o parque depende das receitas de bilheteira para manter a actividade.
O parque alentejano, que no ano passado recebeu 120 mil visitantes, devia ter reaberto ao público no dia 16 de Março − três dias antes de ser decretado o estado de emergência em Portugal. Uma reabertura que não foi possível devido às medidas que estavam já a ser implementadas por todo o país.
Francisco Simões de Almeida, sócio-gerente do Badoca Safari Park, contou ao PÚBLICO que a principal preocupação é conseguir garantir as condições mínimas aos cerca de 400 animais, de mais de 70 espécies, que tem ao seu abrigo e que fazem parte de programas internacionais de recuperação, preservação e conservação de espécies. Os animais coabitam numa reserva natural de 90 hectares.
“Grande parte do rendimento já foi perdido”
O parque alentejano, que este ano completa 21 anos, partiu de uma iniciativa privada e consegue manter a sua actividade sazonal graças às receitas que faz com os visitantes e com alguns apoios e protocolos de preservação animal. Francisco Almeida refere que, por esta altura, “grande parte do rendimento já foi perdido”, em especial “as receitas da época alta, que vai de Março a Junho”, e sublinha que o parque não está parado e as despesas continuam. “Continuo a ter as despesas com os animais, o custo com as manutenções, com a água, electricidade, limpeza, alimentação, conservação”, bem como parte dos salários dos 25 trabalhadores, que estão neste momento em layoff.
A gerência do Badoca Park teme pelo futuro do parque e dos animais, pois não sabe como vai conseguir suportar o final de 2020 e o início de 2021. “Temos uma época de escolas que começa em Março e que se arrasta até finais de Junho e isso foi perdido. Tivemos a altura da Páscoa, a quinzena em que temos mais visitantes e mais receita, que também foi perdida. E agora estamos neste impasse de não saber quando é que isto tudo se resolve e se vamos poder abrir em Junho, Julho ou Agosto”, diz Francisco Almeida. Nos meses mais lucrativos, de Março a Junho, a facturação do parque ronda os 500 mil euros.
Francisco garante que já bateu “a todas as portas”, denunciou a situação ao Ministério da Agricultura e enviou uma carta aos ministérios das Finanças e da Economia, como forma de “grito de alerta”. Diz ainda ter conhecimento de fundos aos quais pode recorrer, mas “a resposta é muito demorada e os fundos esgotam. Não posso dizer aos animais: ‘Esperem aí um bocadinho, porque estamos no meio da pandemia e vocês não vão comer durante 15 dias'”.
A situação de crise que o parque vive gerou uma onda de solidariedade e preocupação através das redes sociais, principalmente por parte dos habitantes locais a amantes dos animais. “Tenho tido algumas pessoas que me contactam através do Facebook e através da página oficial, a dizerem que ficaram preocupadas e que gostariam de ajudar”, conta.
A gerência lançou, nesta sexta-feira, uma campanha de angariação de fundos e de recolha de alimentos. Objectivo: “Garantir a alimentação e o bem-estar dos nossos animais, bem como o pagamento das remunerações dos nossos trabalhadores que deles tratam.”